quarta-feira, 1 de agosto de 2012

QUASE





UMA INTRODUÇÃO À TEORIA DO QUASE                                                                          

                       
                                   Esta semana, na SBPC, o cientista israelense  Daniel Schetman apresentou o estudo pelo qual recebeu o Prêmio Nobel de Química de 2011: a descoberta dos quase-cristais , que revolucionou o conceito dos químicos sobre os materiais sólidos. Ele disse: “ Ao longo da vida utilizamos uma série de produtos e objetos que têm os quase-cristais como base de sua matéria e nem percebemos isso”. Ou seja, sendo otimistas, somos quase e nem percebemos. O que, um pouco menos, significa: “Quase somos e nada mais.”
                                   Quando dias atrás, a descoberta da partícula de Deus, ou o bóson de Higgs sacudiu a comunidade científica no mundo inteiro, quem duvida de que estávamos simplesmente diante de uma quase-descoberta? De algo que apenas insinua e que não se resolverá nunca porque sempre haverá  algo mais a ser descoberto? O que só faz ganhar corpo cada vez mais A Teoria do Quase...  
                       
                                   Porque em tudo que existe na vida existe um quase, e esse quase – nunca reconhecido-  é a lei maior do universo, a única verdade que existe e que jamais surgirá em sua plenitude porque...existe o quase. O que, afinal de contas, apenas comprova a teoria.
                        O quase está por trás de qualquer gesto: de qualquer atitude, de qualquer pensamento. Tudo na vida é quase. Quase sonhamos, quase  prosseguimos, quase que a minha amiga ganhou no show do milhão, quase que a Xuxa era bonita, quase que meu amigo me conseguia um grande emprego, quase que a boazuda da farmácia me deu bola, 
quase que somos felizes, quase que está começando mais uma teoria estapafúrdia etc.etc.  Mentira? “Não existe caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho.” já dizia o especialista Dalai Lama. Portanto, a felicidade e tudo que se almeja e deseja na vida é um quase e quem propaga isso como fácil é um bobo ou um impostor. Quando supomos que  atingimos a felicidade ela acaba e é isso que justifica a vida: o quase possui-la, nunca em definitivo. Ainda bem que existe o quase, pois é o que dá sentido à vida. A rigor, a bem da verdade, deveríamos ser mais contundentes em sempre responder de acordo com a verdade.
-                                                                    Qual é o seu nome?
-                                                                    Quase João da Silva.
-                                                                    Como???
-                     Quase , porque nunca haverá um João da Silva completo, se existem tantos por aí ,  se vou morrer um dia e se ninguém sabe quem eu sou e o que eu quero, além de meu relógio e o barbeiro da esquina.
                        E aí por diante. Um casal jamais deveria dizer sim a seu par. Ao invés, na hora de declarar seu amor deveria dizer quase sim porque é apenas isso que pode prometer: uma quase dedicação, uma quase renúncia, um quase amor, pois se existe uma série de sofrimentos investidos no amor, em nome de sua própria identidade ninguém pode ser capaz de um amor total e absoluto.
                        Einstein já havia quase provado isso com a sua Teoria da Relatividade que deveria se chamar teoria do quase. Ora, se como disse ele o tempo e o espaço são relativos,   - e tudo que se considera sólido são apenas ‘quases’ -  que dirá da vida que nada mais é do que espaço, tempo e luz? Não precisaria ser físico para chegar à mesma conclusão, provoca a teoria. Se o ser humano passa 1/3 do seu tempo dormindo e, portanto, quase-morto, tem na melhor das hipóteses, por definição uma quase vida. Alguém dirá que se a vida é um quase, a morte, ao contrário é total,  absoluta...mas, quem garante? Ainda que não acreditemos na vida após, ninguém pode garantir nada, nesse caso, nunca seremos mortos, mas quase-mortos.
                        Pensando bem, de total mesmo na vida, só a idéia de idiota que os políticos têm de seus eleitores. Se  eles acreditam que podem aporrinhar o dia inteiro os ouvidos de todo mundo com músicas estúpidas, carreatas e passeatas,  e ainda assim, estes serão capazes de votar nos mais aporrinhadores, isso não seria  coisa para quase-idiota, mas para idiota total. Quase-loucos, defende  a Teoria.  

                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com
                                                                       http://www.joseesertonneto@blogspot.com


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