UMA INTRODUÇÃO À TEORIA DO
QUASE
Esta semana,
na SBPC, o cientista israelense Daniel
Schetman apresentou o estudo pelo qual recebeu o Prêmio Nobel de Química de
2011: a descoberta dos quase-cristais , que revolucionou o conceito dos
químicos sobre os materiais sólidos. Ele disse: “ Ao longo da vida utilizamos
uma série de produtos e objetos que têm os quase-cristais como base de sua
matéria e nem percebemos isso”. Ou seja, sendo otimistas, somos quase e nem
percebemos. O que, um pouco menos, significa: “Quase somos e nada mais.”
Quando dias
atrás, a descoberta da partícula de Deus, ou o bóson de Higgs sacudiu a
comunidade científica no mundo inteiro, quem duvida de que estávamos
simplesmente diante de uma quase-descoberta? De algo que apenas insinua e que
não se resolverá nunca porque sempre haverá
algo mais a ser descoberto? O que só faz ganhar corpo cada vez mais A Teoria do Quase...
Porque em
tudo que existe na vida existe um quase, e esse quase – nunca reconhecido- é a lei maior do universo, a única verdade que
existe e que jamais surgirá em sua plenitude porque...existe o quase. O que,
afinal de contas, apenas comprova a teoria.
O quase está por trás de
qualquer gesto: de qualquer atitude, de qualquer pensamento. Tudo na vida é
quase. Quase sonhamos, quase prosseguimos,
quase que a minha amiga ganhou no show do milhão, quase que a Xuxa era bonita,
quase que meu amigo me conseguia um grande emprego, quase que a boazuda da
farmácia me deu bola,
quase que somos felizes, quase que está começando mais uma
teoria estapafúrdia etc.etc. Mentira?
“Não existe caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho.” já dizia o
especialista Dalai Lama. Portanto, a felicidade e tudo que se almeja e deseja
na vida é um quase e quem propaga isso como fácil é um bobo ou um impostor.
Quando supomos que atingimos a
felicidade ela acaba e é isso que justifica a vida: o quase possui-la, nunca em definitivo. Ainda
bem que existe o quase, pois é o que dá sentido à vida. A rigor, a bem da
verdade, deveríamos ser mais contundentes em sempre responder de acordo com a
verdade.
-
Qual é o seu
nome?
-
Quase João da
Silva.
-
Como???
-
Quase , porque
nunca haverá um João da Silva completo, se existem tantos por aí , se vou morrer um dia e se ninguém sabe quem
eu sou e o que eu quero, além de meu relógio e o barbeiro da esquina.
E aí por diante. Um
casal jamais deveria dizer sim a seu par. Ao invés, na hora de declarar seu
amor deveria dizer quase sim porque é apenas isso que pode prometer: uma quase
dedicação, uma quase renúncia, um quase amor, pois se existe uma série de
sofrimentos investidos no amor, em nome de sua própria identidade ninguém pode
ser capaz de um amor total e absoluto.
Einstein já havia quase provado
isso com a sua Teoria da Relatividade que deveria se chamar teoria do quase.
Ora, se como disse ele o tempo e o espaço são relativos, - e tudo
que se considera sólido são apenas ‘quases’ - que dirá da vida que nada mais é do que
espaço, tempo e luz? Não precisaria ser físico para chegar à mesma conclusão,
provoca a teoria. Se o ser humano passa 1/3 do seu tempo dormindo e, portanto,
quase-morto, tem na melhor das hipóteses, por definição uma quase vida. Alguém
dirá que se a vida é um quase, a morte, ao contrário é total, absoluta...mas, quem garante? Ainda que não
acreditemos na vida após, ninguém pode garantir nada, nesse caso, nunca seremos
mortos, mas quase-mortos.
Pensando bem, de total
mesmo na vida, só a idéia de idiota que os políticos têm de seus eleitores. Se eles acreditam que podem aporrinhar o dia
inteiro os ouvidos de todo mundo com músicas estúpidas, carreatas e
passeatas, e ainda assim, estes serão capazes
de votar nos mais aporrinhadores, isso não seria coisa para quase-idiota, mas para idiota total.
Quase-loucos, defende a Teoria.
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