artigo publicado no jornal o Estado do Maranhão,
quinta-feira, dia 08.10.2015
Afinal de contas, uma Feira de Livros, a que será que se
destina? Diante de uma pergunta dessas, muitas interpretações acadêmicas, todas
evocando o papel da difusão cultural e o engrandecimento do saber popular, se ouviriam e, não estariam, de fato, erradas.
Porém, sendo lícito supor que se move na difusão do livro em si, o
começo e o fim do propósito de uma feira de livros como se responderia aos
estudantes, que para lá se dirigem, se estes perguntassem: “Mas o que há de prazeroso
nisso?”
Qualquer leitor
calejado poderia lhes responder: “Três dos maiores prazeres do mundo: ler,
comprar livros e escrever”. Porém se um desses personagens fosse além: “Mas,
dentre esses, qual seria o prazer maior?”, só restaria a opção de compará-los para
encontrar uma possível resposta.
1.Escrever.
Um personagem de um recente filme de sucesso diz em sua fala que “É necessário
viver a vida em plenitude, e não apenas sobreviver”, o que é, em outras
palavras, uma versão do que já fora dito por Dostoiévski em um de seus romances : “ O segredo da existência humana consiste não
apenas em viver, mas em encontrar um sentido para viver” Pois escrever, ao
contrário de ser uma chatice como disse arrogantemente o escritor Chico Buarque,
é justamente (pelo que se depreende dos escritores que levaram essa tarefa a
sério), essa compulsão de viver em plenitude, o que acontece quando alguém se
entrega à tarefa de interpretar, e recriar o mundo, primeiro para si, depois para
o alheio.
Esse tipo de
exercício, provavelmente, era o que fazia Maranhão Sobrinho, poeta maranhense, ao
escrever seus poemas em botequins, rabiscando-os em papéis de embrulho, diferentemente de Chico
Buarque de Holanda que, como se sabe, precisa ir a Paris para escrever seus romances
, residindo aí a razão, talvez, de achar
isso tão chato. Recuado em seu luxuoso apartamento sob os céus de Paris não
terá alcançado a plenitude a que me referia acima e que extasiava o pobre –financeiramente
– Maranhão Sobrinho. Diríamos que o compositor carioca (será mesmo escritor?) não pegou, nem jamais pegará o espírito da coisa.
2.Comprar livros. Até as crianças se
rejubilam com a dádiva de receber presentes, sendo maior, no entanto, quando
você se dá o próprio presente, o que acontece quando você compra livros para
si. E, principalmente, quando você o
descobre com algum esforço de pesquisa (a preço de banana, então nem se fala!)
– o que faz a paixão dos colecionadores e bibliófilos.
Se ler um
livro, como já foi dito, é viajar sem sair do lugar, o que há de mais
extasiante do que levar uma viagem ou um mundo novo para casa, com a
possibilidade de deixar o livro na estante e poder viajar quando quiser?
3.Ler. A estas alturas, será que ainda
carece falar desse último prazer? Será que a simples menção dos outros dois já
não nos conduziu a este último para solucionar definitivamente a questão? Sim,
porque o que seria dos primeiros se não existisse este, que é a chegada, a causa e a partida?
Certamente,
se escrever é potencializar a plenitude da vida
e comprar livros um vício irradiante, nada supera o prazer de ler, sem o
qual não haveria os outros dois.
Para a
Feira, então senhores, que 3 dos maiores prazeres do mundo, os esperam!
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