sábado, 10 de outubro de 2015

LER, COMPRAR, ESCREVER




artigo publicado no jornal o Estado do Maranhão,
quinta-feira, dia 08.10.2015


Afinal de contas, uma Feira de Livros, a que será que se destina? Diante de uma pergunta dessas, muitas interpretações acadêmicas, todas evocando o papel da difusão cultural e o engrandecimento do saber popular, se  ouviriam e, não estariam, de fato,  erradas.  Porém, sendo lícito supor que se move na difusão do livro em si, o começo e o fim do propósito de uma feira de livros como se responderia aos estudantes, que para lá se dirigem, se estes perguntassem: “Mas o que há de prazeroso nisso?”
            Qualquer leitor calejado poderia lhes responder: “Três dos maiores prazeres do mundo: ler, comprar livros e escrever”. Porém se um desses personagens fosse além: “Mas, dentre esses, qual seria o prazer maior?”,  só restaria a opção de compará-los para encontrar uma possível resposta.

            1.Escrever. Um personagem de um recente filme de sucesso diz em sua fala que “É necessário viver a vida em plenitude, e não apenas sobreviver”, o que é, em outras palavras, uma versão do que já fora dito por Dostoiévski  em um de seus romances : “ O segredo da existência humana consiste não apenas em viver, mas em encontrar um sentido para viver” Pois escrever, ao contrário de ser uma chatice como disse arrogantemente o escritor Chico Buarque, é justamente (pelo que se depreende dos escritores que levaram essa tarefa a sério), essa compulsão de viver em plenitude, o que acontece quando alguém se entrega à tarefa de interpretar, e recriar o mundo, primeiro para si, depois para o alheio.




                                                        






            Esse tipo de exercício, provavelmente, era o que fazia Maranhão Sobrinho, poeta maranhense, ao escrever seus poemas em botequins, rabiscando-os  em papéis de embrulho, diferentemente de Chico Buarque de Holanda que, como se sabe, precisa ir a Paris para escrever seus romances , residindo aí a razão, talvez,  de achar isso tão chato. Recuado em seu luxuoso apartamento sob os céus de Paris não terá alcançado a plenitude a que me referia acima e que extasiava o pobre –financeiramente – Maranhão Sobrinho. Diríamos que o compositor carioca (será mesmo escritor?)  não pegou,  nem jamais pegará o espírito da coisa.

            2.Comprar livros. Até as crianças se rejubilam com a dádiva de receber presentes, sendo maior, no entanto, quando você se dá o próprio presente, o que acontece quando você compra livros para si. E, principalmente,  quando você o descobre com algum esforço de pesquisa (a preço de banana, então nem se fala!) – o que faz a paixão dos colecionadores e bibliófilos.





                                                   






            Se ler um livro, como já foi dito, é viajar sem sair do lugar, o que há de mais extasiante do que levar uma viagem ou um mundo novo para casa, com a possibilidade de deixar o livro na estante e poder viajar quando quiser?
            3.Ler. A estas alturas, será que ainda carece falar desse último prazer? Será que a simples menção dos outros dois já não nos conduziu a este último para solucionar definitivamente a questão? Sim, porque o que seria dos primeiros se não existisse este, que  é a chegada, a causa e a partida?
            Certamente, se escrever é potencializar a plenitude da vida  e comprar livros um vício irradiante, nada supera o prazer de ler, sem o qual não haveria os outros dois.

            Para a Feira, então senhores, que 3 dos maiores prazeres do mundo, os esperam!

                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com                                                                        http://www.joseewertonneto.blogspot.com

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