sábado, 3 de outubro de 2015

O FLUMINENSE NAS COSTAS




ou O PESO DO MOLEQUE CRAQUE NAS COSTAS DO CRAQUE MOLEQUE



artigo publicado quinta-feira no jornal
o Estado do Maranhão


Ronaldinho Gaúcho é, talvez, o ultimo craque-moleque do futebol. Moleque no sentido que tem a ver com o lúdico e o irreverente  no  trato de sua atividade futebolística, em que destacou-se com raro virtuosismo. No seu caso específico, tão moleque que extrapola o exercício futebolístico com uma visão do mundo coerente com o que mostra em campo. Daí que, milionário, dá-se ao luxo hoje de ser inconsequente com sua profissão, tornando-se um antiprofissional assumido a favor de festas e bebedeiras, tão comentadas no jargão do jornalismo esportivo.





                                               





            Esta semana Ronaldinho Gaúcho saiu de campo vaiado pela torcida do Fluminense para, logo depois, ter seu contrato rescindido pela diretoria do clube, como se fosse  um perna de pau qualquer. Situação esta que em tudo contrasta com as festividades de três meses atrás. Então eram festas, aplausos, plumas e paetês na sua apresentação para a torcida. Aos que se recordam,  o motivo aparente da festa era a contratação de um jogador fora de série e de prestígio internacional. Porém, por trás desse motivo aparente estava o principal: dar-se um drible em Eurico Miranda presidente do Vasco e, por tabela, no clube rival.
            E é aí que entra o segundo personagem da história e do título desta crônica: o moleque craque. Não mais o craque-moleque Ronaldinho, mas, agora o moleque-craque 



                                                 






Peter Siemsen, presidente do Flu, de 48 anos. Ele que (exatamente igual aos cartolas anacrônicos e fanfarrões que ele repudia, como Eurico Miranda) achou-se no direito de também dar um drible no adversário, custasse o que custasse. E tomou a inciativa de passar o Vasco para trás na história da contratação de Ronaldinho Gaúcho. Depois de ter sido anunciado no Vasco, o moleque-presidente surgiu em surdina e, oferecendo muito grana, levou Ronaldinho Gaúcho para as Laranjeiras. E deve ter pensado: “Que drible, hein! Agora vou partir  pro abraço”.

            Hoje todos sabem que fim levou a história do tal drible. Ronaldinho Gaúcho, como era de se esperar, estava mais preocupado em rebolar nas baladas que promove, do que em driblar dentro de campo. Resultado: seus dribles se tornaram dos mais caros da história e cada drible seu, afinal de contas, custou a bagatela de 500 mil reais para o Fluminense.
            E tudo porque o moleque presidente também quis dar uma de craque. Está claro que a rescisão de contrato não vai sair barato para o glorioso time das Laranjeiras. Até mesmo porque se Ronaldinho tá pouco ligando para a grana, seu empresário e irmão Assis está. Ele não tem culpa se oferece um drible de seu irmão por 500 mil reais  (no ocaso da carreira dele) e, a essas alturas, ainda encontra quem pague . Que se apressem, pois os cartolas porque o contrato está em dólar e a conta está subindo.



                                           





            É por essas e outras que, mesmo fanática, a torcida de um time deveria pensar duas vezes antes de vaiar um grande jogador, pelo menos em respeito ao seu  passado. Ronaldinho Gaúcho não tem culpa se foi contratado. Seria muito mais válido e salutar para as tradições e as muitas glórias do Fluminense que vaiassem ao invés do craque-moleque, o moleque-craque. Que continua por lá.
                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com                                                                        http://www.joseewertonneto.blogspot.com


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