ou O PESO DO MOLEQUE CRAQUE NAS COSTAS DO CRAQUE MOLEQUE
artigo publicado quinta-feira no jornal
o Estado do Maranhão
Ronaldinho Gaúcho é, talvez, o ultimo craque-moleque do
futebol. Moleque no sentido que tem a ver com o lúdico e o irreverente no
trato de sua atividade futebolística, em que destacou-se com raro
virtuosismo. No seu caso específico, tão moleque que extrapola o exercício
futebolístico com uma visão do mundo coerente com o que mostra em campo. Daí
que, milionário, dá-se ao luxo hoje de ser inconsequente com sua profissão,
tornando-se um antiprofissional assumido a favor de festas e bebedeiras, tão
comentadas no jargão do jornalismo esportivo.
Esta semana
Ronaldinho Gaúcho saiu de campo vaiado pela torcida do Fluminense para, logo
depois, ter seu contrato rescindido pela diretoria do clube, como se fosse um perna de pau qualquer. Situação esta que em
tudo contrasta com as festividades de três meses atrás. Então eram festas,
aplausos, plumas e paetês na sua apresentação para a torcida. Aos que se recordam,
o motivo aparente da festa era a
contratação de um jogador fora de série e de prestígio internacional. Porém,
por trás desse motivo aparente estava o principal: dar-se um drible em Eurico
Miranda presidente do Vasco e, por tabela, no clube rival.
E é aí que
entra o segundo personagem da história e do título desta crônica: o moleque
craque. Não mais o craque-moleque Ronaldinho, mas, agora o moleque-craque
Peter
Siemsen, presidente do Flu, de 48 anos. Ele que (exatamente igual aos cartolas anacrônicos
e fanfarrões que ele repudia, como Eurico Miranda) achou-se no direito de
também dar um drible no adversário, custasse o que custasse. E tomou a
inciativa de passar o Vasco para trás na história da contratação de Ronaldinho
Gaúcho. Depois de ter sido anunciado no Vasco, o moleque-presidente surgiu em
surdina e, oferecendo muito grana, levou Ronaldinho Gaúcho para as Laranjeiras.
E deve ter pensado: “Que drible, hein! Agora vou partir pro abraço”.
Hoje todos
sabem que fim levou a história do tal drible. Ronaldinho Gaúcho, como era de se
esperar, estava mais preocupado em rebolar nas baladas que promove, do que em
driblar dentro de campo. Resultado: seus dribles se tornaram dos mais caros da
história e cada drible seu, afinal de contas, custou a bagatela de 500 mil
reais para o Fluminense.
E tudo
porque o moleque presidente também quis dar uma de craque. Está claro que a
rescisão de contrato não vai sair barato para o glorioso time das Laranjeiras.
Até mesmo porque se Ronaldinho tá pouco ligando para a grana, seu empresário e
irmão Assis está. Ele não tem culpa se oferece um drible de seu irmão por 500
mil reais (no ocaso da carreira dele) e,
a essas alturas, ainda encontra quem pague . Que se apressem, pois os cartolas porque
o contrato está em dólar e a conta está subindo.
É por essas
e outras que, mesmo fanática, a torcida de um time deveria pensar duas vezes
antes de vaiar um grande jogador, pelo menos em respeito ao seu passado. Ronaldinho Gaúcho não tem culpa se
foi contratado. Seria muito mais válido e salutar para as tradições e as muitas
glórias do Fluminense que vaiassem ao invés do craque-moleque, o
moleque-craque. Que continua por lá.
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