segunda-feira, 22 de junho de 2009

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DOS PORCOS

Cronica publicada no jornal O Estado do Maranhão, seção Hoje é dia de

sábado retrasado

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DOS PORCOS

José Ewerton Neto, membro da AML, autor de Ei, você conhece Alexander Guaracy?

ewerton.neto@hotmail.com


Logo depois da proliferação da gripe suína, surgiu em diversos locais da grande imprensa uma Declaração dos Direitos dos Porcos. Alguém viu? Quem conseguiu ler percebeu que esse manifesto, muito mais que uma declaração, é um libelo contra a injustiça sofrida, ao longo dos anos, por essa raça . (Para os que não conseguiram encontra-la e gostariam de conhecer o conteúdo da mesma aconselha-se observar com bastante atenção - e algum carinho - para o olhar de um humilde porco.) Eis um breve resumo:


1. Todo porco tem o direito de não ter sua raça associada à doenças contagiosas, epidemias, pandemias e quantas mias pela frente os humanos inventarem, lembrando que a única espécie de animal que deve gostar disso, porque mia, é gato e não porco.

2. Todo porco gostaria que, em definitivo, evitassem usar sua raça como símbolo de tudo quanto é porcaria que existe no mundo, lembrando que por mais sujo que um porco possa vir a ser nenhum deles jamais gostou de imundícies como o Big-Brother.

3. Todo porco gostaria de lembrar que não chafurda na lama porque gosta, mas por uma imposição da natureza, para refrescar suas glândulas, ao contrário dos homens, que chafurdam nas lamas da corrupção, à troco de qualquer centavo.

4. Desde que já é tratado e destratado como porco, ignorado como porco e assassinado por ser porco, todo porco gostaria de pedir aos seres humanos que façam o mesmo com seus restos mortais, não se permitindo regalarem-se com sua carne em churrascos e recepções, lembrando que se um porco é sujo e desprezível, suas carnes assim deveriam ser consideradas também.

5. Todo porco avisa que nenhum deles jamais deixou de gostar de suas fêmeas por causa de suas gorduras, ao contrário do que fazem os homens com suas mulheres. Lembrando que, se Deus as dotou de gorduras para melhor cumprirem sua função reprodutiva, isso é que deveria ser levado em conta como referência para a beleza, e não a magreza, que as escraviza para que alguns espertalhões enriqueçam, vendendo ilusão em nome da beleza.

6. Todo porco gostaria de saber a razão de estar tão definitivamente excluído da vida moderna e das poucas coisas boas que esta pode proporcionar a um animal. Também gostaria de saber porque a raça humana tem direcionado seus escassos afetos para outros tipos de animais como cães, gatos, cavalos e papagaios. E, gostaria de pleitear já que está tão na moda, que fossem instituídas cotas em favor de sua raça também, possibilitando-lhe o acesso a avenidas, parques, praias e parques de diversão. (Aliás, por que será mesmo que nenhum ser humano jamais perguntou a um porco se ele prefere, de verdade, um chiqueiro a um salão de cabeleireiro?)

7. Todo porco gostaria de lembrar em definitivo que pança não é pecado, banha não é doença e gordura não é crime. E que embora viva e chafurde no lixo um porco jamais seria capaz de se “lixar para seus semelhantes” como disse publicamente um certo deputado defensor do código de ética, mais porco do que todo porco e muito humano, demasiadamente humano, como diria o mais famoso dos seus filósofos: Nietzche.

8. Todo porco gostaria de saber por que nunca se fazem romances e filmes tendo como tema um porco como herói. Pois se cães são temas de best-sellers e gatos aparecem em programas de televisão com tanto sucesso, qual a razão de tanta discriminação contra os porcos? Por que um cachorro pode ter nome de gente, se chamar Marley e ser herói de filme, enquanto só sobra para um porco ser chamado de porco o resto de sua vida?

9. Para finalizar, todo porco gostaria de lembrar da frase definitiva de Winston Churchill (que era, aliás, saudável, inteligente, gordo e sincero, como um porco):
“Os gatos olham para o ser humano de cima para baixo, os cães de baixo para cima, só os porcos nos olham diretamente, fixos nos olhos.”
E de enfatizar que isso só acontece porque – (e todo porco espera que de hoje em diante nenhum ser humano jamais tenha dúvidas disso) - um porco sabe, e conhece perfeitamente, aquele que é seu igual.

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