sábado, 27 de novembro de 2010

O PRIMEIRO HERÓI NACIONAL

O PRIMEIRO HERÓI NACIONAL


ewerton.neto@hotmail.com



Duas semanas atrás a revista Veja anunciou o capitão Nascimento, do filme Tropa de Elite, como o primeiro herói nacional. Ora, isso é uma grande mentira! Vai ver que nem se deram ao trabalho de pesquisar, nos livros de História, os heróis desconhecidos de todo o Brasil e que são mais de dois por estado. E esqueceram, sobretudo, de que antes do Capitão Nascimento já havia:


1. O Fenômeno-Man: Típico herói nacional, Fenômeno-Man gosta mesmo é de sombra e água fresca. E muita grana. Se tiver isso ganha todas e sai pro abraço. Sua arma é o gol. Faz gol de tudo quanto é jeito, tanto que foi o maior artilheiro de todas as copas. (Verdade que sempre contou com um craque muito melhor que ele, do lado, para facilitar sua vida: Rivaldo na seleção, Zidane no Real Madrid etc. ). Hoje, como o físico já não ajuda, basta cair estabanado no chão – como no ultimo jogo contra o Cruzeiro - que o socorro vem. Desta vez, do juiz. Esse sempre rouba a seu favor, o que, não lhe diminui, em absoluto, a aura de herói. Afinal de contas, herói também precisa de sorte, e a sua foi terminar seu currículo jogando no Coríntians, time para quem todo mundo gosta de dar uma forcinha, não é mesmo presidente Lula?
Fenômeno-Man tem todas as qualidades para ser herói neste país e mais uma: não é nordestino. Se fosse ia acabar como Rivaldo, o pernambucano, o melhor jogador da Copa 2002 e de quem todo mundo já esqueceu.

2. Perua-Maravilha. Oito entre dez mulheres brasileiras com mais de trinta têm como protótipo a indescritível, a fantástica e globalizada: Perua-Maravilha. Sim porque só ela encarna, à perfeição, o mito da mulher brasileira ideal para os padrões nacionais: pudor nenhum, chatice global e gigolô debaixo do braço. Haja gigolô! Perua-Maravilha gosta tanto de um gigolô que se tivesse de escolher entre aparecer nas colunas sociais rodeada dos habituais ricaços buxudos ou ao lado do seu gigolô, comendo cachorro-quente na carrocinha do Lopes, ela preferiria o gigolô. As armas que a tornaram invencível são: inteligência mínima e futilidade infinita. O que, convenhamos, não é tão fácil assim. Perua-Maravilha é tão heróica em seu desprendimento que não tem vergonha de dizer, com muita humildade, que para trilhar o caminho da vitória teve de aprender com heroínas muito mais frágeis que ela, do naipe de Suzana Vieira, Luciana Gimenez, Ana Maria Braga e etc. Bote heroísmo nisso!

3. Super-Chico. Super-Chico, o mais querido herói nacional, tem todas as qualidades de um super-herói e mais uma: é, também, super-intelectual A sua qualidade mágica é a perfeição. Chico nasceu perfeito, dessa perfeição que só dá mesmo no Brasil. É considerado o melhor compositor de música popular do país (desbancou até Noel Rosa ), é o melhor escritor (já ganhou três prêmios nacionais de literatura ) e só não é o melhor em livro- que- se- compra- para- enfeitar- a- estante- com- o- nome- do- autor porque ainda não inventaram essa modalidade. Tanto é assim que no ultimo premio Jabuti, Chico ganhou o de melhor livro, mesmo sendo apenas segundo colocado. Pode? No Brasil pode, ou melhor, Chico pode. Ele pode tudo. O dia em que entrar na dança dos famosos vai ganhar também. Que qualidades possui, além do talento? Aí a coisa complica, mas sei não: talvez a de ter nascido em berço de ouro, a de ter sido “vítima” da ditadura com um copo de uísque importado na mão, a de nunca ter levado um tapa do exército, como Geraldo Vandré, etc. etc... Chico é o único super-herói nacional que consegue ser da esquerda e da direita ao mesmo tempo e isso foi facilmente explicado por Tim Maia quando disse que o Brasil é o único país do mundo em que puta goza, gigolô tem ciúme e comunista é de direita. E Super-Chico é o maior escritor.

4. Capitão-Corrupto. Ninguém pode, neste Brasil, com Capitão-Corrupto. Nem os honestos, nem os marginais, nem os muito vivos, nem os mortos, sequer os espíritos. Capitão-Corrupto é o herói nacional por excelência porque enfrenta a tudo e a todos e sempre sai vitorioso. Não adianta enfrentamento de CPI, polícia, leis, promotores, cadeia e grades. Capitão-Corrupto é tão naturalmente dotado de uma carapaça de cinismo que fica imune a qualquer ataque, físico ou moral. Como consegue tanta resistência? Capitão-Corrupto possui duas armas mortíferas: canalhice e grana. Com a primeira consegue grana, com a segunda consegue o resto. Isso, no Brasil, é mais do que suficiente. Adorado pelos ricos, admirado pelos pobres e desprezado por uma minoria Capitão-Corrupto, não está nem aí para o achincalhe dos honestos. Não voa como Super-Homem, mas tem mais de um avião particular, não é mágico como Mandrake, mas desaparece a hora que quer. Só não dispensa o próprio grito de guerra: Grana!Grana! Quero mais grana!
Como é indestrutível o nosso Capitão-Corrupto!


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