artigo publicado sábado passado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão
Chama-se
BRAZUCA, com z, a bola que vai ser jogada de um lado para outro, durante a copa
de 2014 e que dará o tom, nesse período, da alegria e do mau humor brasileiro.
Esse foi o nome escolhido, numa competição em que derrotou suas colegas
Carnavalesca e Bossa-Nova.
A escolha teria sido
justa? Pensando bem, todo o povo brasileiro deveria ter sido chamado a
participar. Futebol é tão importante no
Brasil que todos adorariam, mesmo porque se já são obrigados a votar em
políticos que não conhecem e que não querem ver mais gordo, por que não se
disporiam a votar em alguém ( a bola) que jamais ficará azucrinando seus
ouvidos, repetida e cruelmente, dia após dia, até chegar às eleições?
De minha parte, prefiro mesmo
a Brazuca, mas devo reconhecer que, até nesse tipo de eleição, os candidatos
são muito fracos. Começa que Bossa-Nova nunca foi nome de bola, não cheira a
bola, nem tem sabor de bola. Como todos sabem, bola de futebol nunca foi coisa
de Mauricinhos e a Bossa-Nova, como
todos sabem, foi um som ( às vezes magnífico, às vezes chatinho) egresso das
reuniões da alta classe-média carioca, regadas a uísque importado e bom vinho. Bem
ao contrário de onde se dá bem uma verdadeira bola de futebol, com serventia para
sem- terras e com terras, pardos, cafuzos e sararás, com cotas e sem cotas.
Quanto à Carnavalesca,
pior ainda. Já pensaram, durante a copa, o Neymar reclamando de que não
consegue tratar bem a ‘Carnavalesca’ porque esta vive lhe chamando de
‘Mascarado’? E se a ‘quarta-feira de cinzas’ começar mais cedo? Ora, dos males o menor, mesmo com
Z e tendo gente dizendo por aí que o nosso ‘complexo de vira-lata’ falou mais
alto e nos submetemos mais uma vez aos gringos, expulsando o s, para agrada-los.
Pelo
sim, pelo não, nada como tirar essas dúvidas com ela própria, Brasuca, a brasileirinha que todos
conhecemos: apanha dos maridos, tem mais
de cinco filhos , adora um forró e vibra mais ainda com novela do que com
viagem de moto-táxi (este sem querer). Cujo sonho maior não era ser uma mulher
–bola, mas uma mulher...Melancia
- E então Brazuca? Você
está feliz com a vitória?
- Acho que sim, nunca
pensei que alguém um dia fosse se
lembrar de mim.
- E agora, quando pretende
sair do sonho e cair na real?
- Bem que eu gostaria
que caísse algum real em meu bolso, tenho cinco filhos para criar, mas não sei
não...
- Pelo menos agora você
será uma mulher famosa no mundo inteiro. Já se acostumou com o z no lugar do s?
- Com o z no lugar do s,
sim, mas o que eu gostaria mesmo era de um gringo no lugar dos meus maridos.
- Por que, você podia
explicar melhor?
- E precisa? A idéia que
a gente tem é que gringo não bate em mulher, não chifra a gente e tem bastante
dinheiro.
- Mudemos de assunto.
Você já pensou em como vai treinar para se dar bem na copa?
- E por que você acha
que eu fui escolhida? Ora, filho, sempre fui treinada nisso de levar chute de homem a torto e a direito: de
escanteio, de pênalti, de lateral é comigo mesma, portanto, não vou estranhar.
- Quais o seus planos, então, para o futuro?
- Futuro? Acho que a
única coisa que vai valer mesmo a pena para mim é o show de abertura onde
espero conhecer de perto Roberto Carlos, Galvão Bueno, o Cristo Redentor e a Carminha.
Quanto a mim... Quem duvida de que se o
Brasil perder ninguém vai culpar o Neymar, nem
o Mano Menezes, muito menos a Presidenta, que têm muito dinheiro? A
culpa será mais uma vez da pobre Brazuca. Quer apostar?
José
Ewerton Neto
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