artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão
Juliana
Paes x Sonia Braga. Se todo brasileiro gosta de novela político parece gostar mais ainda. Repórteres
do CQC foram entrevistar políticos em Brasília para investigar se eles se
interessam mais por novela ou pelo Brasil. Alguém duvida da resposta? Do Brasil
não querem saber, mas da Avenida Brasil...Todos sabiam da última de Carminha e de quantos chifres tinha o Tufão etc., mas
nenhum deles sabia citar os nomes dos réus
do processo do Mensalão.
- Zé Dirceu? Esse não
era um jogador que jogava no Cruzeiro, no tempo de Tostão?
- Não, esse era outro
Dirceu. O Dirceu Lopes
- Ah, sim, o Zé Dirceu...
Acho que agora me lembro. Era o barbeiro preferido do Lula, não? O que ele fez
ou deixou de fazer?
Alguns poucos se
lembravam, vagamente, de quem era Zé Dirceu.
O que é muito
compreensível. Por que um político (de verdade) se interessaria pelo julgamento
do mensalão se ele já sabe, mais que ninguém, do resultado? Nas novelas, pelo
menos, dá para se torcer por um final: previsível, mas ainda assim, um final. Já
os julgamentos de políticos, como todos sabem, tornaram-se novelas de péssimo gosto: encenação, atores pífios, e direção de reality show de
segunda categoria esmeram-se para que as acusações se diluam no cotidiano do
cidadão brasileiro, rumo à absolvição previamente anunciada. Cadeia, se houver,
vai ser só para um passeio de fim de semana.
2. Mas a disputa ‘anunciada’
acima era entre Juliana Paes e Sonia Braga, e não Mensalão x Novelas. Nesta, há
mais gente do que se pensa; motoristas de táxi, estudantes, donas de casa,
papagaios e ursinhos de pelúcia empenhados em dar a sua sincera opinião. Afinal
de contas, ser Gabriela não é para qualquer uma.
Como o ser humano é, por
natureza, saudosista ( todo nascimento de alguém é um ato de nostalgia em que o
bebê já nasce chorando de saudade da barriga da mãe ) Sonia Braga parece estar
levando uma pequena vantagem. É que Juliana não consegue disfarçar, apesar da
exuberância e sensualidade, que já
adentrou naquela faixa, de vinte e cinco aos trinta, que são os ‘dez’ anos que mais custam a passar
para uma mulher. Se quiséssemos nos
aprofundar, no entanto, o mais lógico seria que chegássemos a um empate
técnico. Senão vejamos.
1. Beleza. Neste quesito
eu, por exemplo, acho que sou mais a Sonia, embora Juliana não seja – nem de longe! - de se jogar
fora. Quer dizer, eu mesmo não sei. Quem sabe eu seja mais a Sonia por dentro
(embora nunca vá saber, infelizmente), enquanto a Juliana é melhor por fora. Aliás,
as duas se parecem tanto que Jorge Amado, hoje no céu, deve estar arrependido de
não ter feito Gabrielas gêmeas.Uma pro turco e outra para ele - que me perdoe a
Zélia Gatai.
2. Altura. Parece que
Juliana é mais alta, mas será que isso é mesmo uma vantagem? Se é melhor para trepar no telhado, como Gabriela gosta, deve
ser bem pior para subir em árvores ou para dançar no meio da rua como ela
também gosta. Igualmente, deve ser bem pior para dar uma escapada sem ser vista
como ela gosta mais ainda.
3. Sensualidade. Acredito
que neste quesito Juliana ganhe por alguns milionésimos de diferença, não é
mesmo? Provavelmente, a diferença deva estar está nos olhos de Juliana Paes “de
ressaca parecendo uma epilepsia do mar” como disse de Capitu seu autor Machado
de Assis. O escritor carioca falou isso se referindo a Capitu, mas deve tê-lo feito
pensando também em Gabriela, de Jorge, o que evidencia, sem dúvida, um adúlterio
intelectual, mas perfeitamente compreensível dado o que suas heroínas eram.
4. Gabrielismo.
Qualidade de ser Gabriela. Já li o livro há tanto tempo que já não sei
perfeitamente o que significa ‘ser Gabriela’, mas acho que deve ser uma coisa assim,
meio baiana, do tipo “fingir tão completamente, que chega a fingir que é
inocente do desejo que faz os homens sentirem”. Nessa história de
Gabrielismo talvez facilite, (recorrendo mais uma vez a Machado) se dissermos que Gabrielismo é aquilo que uma Capitu seria
se tivesse nascido na Bahia, ao invés de no Rio.
Portanto, é difícil
evitar o empate embora muita gente ache que
não há como Sonia não ter sido mais Gabriela do que a Juliana está sendo, até
mesmo porque, na época de Sonia ainda não havia sido inventado o Viagra. Ora, não
era qualquer uma que seria capaz de fazer aqueles embolorados coronéis transarem tanto num capítulo só. Era preciso
ser muito Gabriela para isso!
Enfim, empate técnico, que
há de soar para as duas como o título daquele filmezinho tão antigo:
“Matemática zero, amor
dez.” ewerton.neto@hotmail.com http://www.joseewertonneto.blogspot.com
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