artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje , sábado
Winston
Churchill dizia que os cachorros olham para os seres humanos de baixo para
cima, os gatos de cima para baixo e os porcos fixamente, de igual para igual.
Se os porcos
e os homens se equivalem em seus olhares e porcarias, isso, nunca interessou a
gatos e cachorros. Na verdade, a luta entre eles sempre foi muito mais para ver
quem tira melhor proveito da companhia humana a fim de sobreviver com casa,
comida e roupa lavada num ambiente menos hostil do que tiveram na selva, quando ainda eram
lobos e panteras e tinham que suar para garantir
o pão nosso de cada dia.
Nessa luta,
nem sempre bem compreendida pelos humanos, uma recente notícia parece sugerir
que os gatos estejam saindo na frente. Eis que acaba de ser criado o índice Big
Cat , um indicador de progresso baseado na população de felinos domésticos.
Em resumo e dando nome aos bois ( ou aos
gatos ): quanto mais gatos domésticos
existirem num país mais este será uma nação desenvolvida. O que é fácil comprovar: enquanto Estados Unidos, França e Alemanha
privilegiam seus gatos, Colômbia, África do Sul e Índia ficam na rabeira – por
conta da preferência pelo rabo do
cachorro.
Antes que
alguém saía por aí adotando o primeiro bichano
que encontrar para ver se fica rico, cumpre dar uma olhada, com calma, nos diversos
rounds dessa histórica batalha.
1.Os
primeiros lobos domesticados datam de cem mil anos atrás. Os futuros “cãezinhos de madame” se aproximavam
dos acampamentos humanos atrás de restos de comida e seus filhotes acabavam
ficando por lá, escalados, depois, para
ajudar nas caçadas. Os gatos, por sua
vez, só entraram para o nosso convívio muito tempo depois, há 4 mil anos, no
Egito. Neste quesito, portanto, vantagem para os gatos que não tiveram de
agüentar os seres humanos por tanto tempo.
2.
Os gatos, na Idade Média, acusados de ter parte com o demônio, eram
exterminados a três por quatro, toda vez que surgia uma epidemia. Provavelmente,
por
causa desse olhar de cima para baixo, satânico e traiçoeiro ( até hoje tem
gente que se benze diante do olhar de um gato preto, no escuro). Na falta de
descobrir onde estava o demônio ou o remédio, o gato servia de bode –
expiatório, enquanto os cachorros cantavam - de galo. Deu cachorro.
3.
Os cachorros, sem que pudessem reagir a isso, acabaram se tornando os “melhores
amigos do homem”. Como a amizade dos homens nunca foi confiável,os gatos dispensaram a honraria e os cachorros
passaram a fazer todo tipo de serviço indigno: desde latir para espantar ladrão,
até quebrar galho de perua rica, encarquilhada e carente. Deu gato.
4.
A partir de meados do século passado as fêmeas humanas, que adoram ser
seduzidas por qualquer cafajeste, acabaram
descobrindo que gatos possuem essa vocação e, de quebra, o tal olhar
satânico. Pronto, eis o que faltava para começarem a chamar qualquer traste
humano tipo Luan Santana, Gusttavo Lima,
Daniel e etc. de gatos. Dessa o cachorro ficou livre. Ponto para ele.
5.
Enquanto cachorros só se dão bem em ambientes espaçosos, os gatos se satisfazem
em qualquer estante, penteadeira ou caixa de sapato. Além disso, não precisam sair para fazer cocô
na praça como seus rivais, preferindo fazer em cima da primeira revista Caras que encontram , adaptando-se,
portanto, melhor às exigências da
modernidade urbana. Dá gato.
6.Esta
semana, um site de classificados da Irlanda repercutiu a informação de que um sujeito ofereceu seu cachorro em
troca de um tablet, ou um IPhone 4. O anúncio afirma que o cachorro adora
crianças e outros animais, mas parece que tanto amor assim não conseguiu
torná-lo capaz de competir com a tecnologia moderna. Até agora nunca se ouviu
dizer que alguém quisesse trocar seu gato por um celular, embora se saiba de muita mulher já trocou seu namorado por um. Gato, mais uma vez.
Enfim, os diversos trâmites dessa competição indicam
que a modernidade tecnológica privilegia a relação gatos x humanos, dispensando os cães. Uma razão, porém, ainda mais imperiosa que essa é a de que não
há nada como alguém que o encare de cima para baixo para colocar um
ser humano no seu devido lugar. Vai dar gato!
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