sábado, 27 de abril de 2013

A SABEDORIA PROFUNDA (dos out-Doors)



Artigo publicado na seção Hoje é dia de,,,Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje sábado

           Elas estão por aí, em placas espalhadas pelas ruas da cidade: frases com a sabedoria tão profunda dos out-doors. Algumas tão inacessíveis ao entendimento quanto o pandemônio a que chegou o trânsito. Eis duas delas. 

                1.”Com essa equipe qualquer mulher vai querer ter barba”.

Hoje em dia, mulher nenhuma precisa de equipe, principalmente masculina, para querer ter barba, não é mesmo Daniela Mercury? Muito menos para namorar uma mulher de barba. Ora, quando elas decidem, hoje,  entrar numa barbearia para jogar sinuca,   ver  jogo de futebol , lutar  boxe e o que mais inventarem acham , com toda razão, que ninguém tem nada a ver com isso, muito menos, uma equipe de cabeleireiros barbados.

                                                  

Os mentores da idéia parecem não ter percebido que os tempos mudaram e que as mulheres de hoje são independentes, voluntariosas, decididas  e cada vez menos fazem  questão da companhia de  machões encruados. Pelo que dizem nas entrevistas,  ou em artigos que assinam , desiludidas com as perspectivas  trazidas pelos relacionamentos  com seres masculinos,  eternamente incapaz de compreendê-las,  procuram cada vez mais alternativas no próprio sexo, pairando sobre elas a sentença de Marlene Dietrich, a charmosa atriz alemã que 60 anos atrás já transitava dos dois lados da ‘barbearia’ : “ 99 % dos homens passam a vida sem jamais entender completamente uma mulher.  A exceção, infelizmente para nós,  são sempre aqueles que têm mais de uma”.  Ou seja, entre o torturante dilema de optar entre o fiel  cansativo e o cafajeste irresistível , por que não experimentar   uma mulher?
Sugestão: Para aproveitar a frase, que tal  substituir a foto dos barbados  pelas de Carolina Dieckmann, Juliana Paz, Cleo Pires  e Taís Araújo ( ou de algum de seus clones, tão fáceis de encontrar em qualquer concurso de modelo do bairro)?. Não ficaria mais atual?

2. “Você um dia vai ser um Eike Batista”.

Coisa de um ano atrás fizeram uma pesquisa nas universidades brasileiras para descobrir qual era o objeto de desejo   dos universitários como  modelo de realização profissional . Deu Roberto Justus. Dá para acreditar? Esse mesmo, que passou uma eternidade como casamenteiro oficial da revista Caras e que, graças a isso ganhou um programa  de televisão que, inspirado no BBBrasil tem tudo para  ser ainda pior. (Nada na televisão é tão ruim que não possa inspirar coisa além).
Pois a sabedoria profunda dos out-doors  mostra, não mais Roberto Justus, mas  Eike Batista como objeto não só das aspirações dos estudantes , como também do que as universidades têm para oferecer  como modelo de empreendedor. Ele, que prometeu se tornar  o homem mais rico do mundo, e que em menos de um ano conseguiu cair da sétima colocação para a centésima,  nesse páreo onde, segundo a imprensa,  as ações infladas de suas empresas  não se medem  por ações honestas , mas por expedientes escusos e manipulação de informações. Ele mesmo, que sempre se relacionou muito bem  com os corruptos incrustados nos tentáculos do poder para poder se socorrer nas horas difíceis, como está fazendo agora ao tentar empurrar seu prejuízo para a Petrobrás, tão magnânima  com espertalhões quanto é indiferente aos seus acionistas trabalhadores.  Ele, que descobre poços de gás no interior do Maranhão com mais rapidez do que se compõem  toadas de bumba-boi em época de São João e que pretende arrendar  o novo estádio do Maracanã porque sabe que onde há dinheiro público neste país, basta perfurar com um dedo sujo para  fazer jorrar ‘riqueza’ com extrema facilidade.
Ora direis, mesmo assim um homem desse tipo é digno da admiração de qualquer jovem porque só perde muito dinheiro quem muito tem e, mesmo que ele perca quase tudo  nenhum desses pobres estudantes deslumbrados jamais possuirá, um dia, a milésima parte do que lhe sobrar.
                                                    

De fato, mas a propaganda só  esqueceu  de dizer que para fazer o que ele faz , não precisa banco de escola para aprender. Basta ter tido, como ele,  pai milionário  ser ladino e espertalhão. E, de quebra, ter um bom lugar na cabeça para por um chifre  pois até isso o modelo escolhido como meta para a  juventude brasileira é capaz de ensinar : como  sendo bilionário conseguiu levar chifre de um pobre bombeiro.   

                                                         
                                                   
                                                         
Sugestão: Ao invés de ensinar como tornar-se um Eike Batista, melhor que os propagandistas o substituam pelo  ex-presidente Lula,  que num momento de ‘grande inspiração’ disse um dia que todo brasileiro deveria ter orgulho de seu país por aqui ter nascido um Faustão e que, a partir do mês que vem, vai passar a assinar uma coluna mensal no New York Times. Desse jeito, vai acabar disputando a próxima  vaga da Academia Brasileira de Letras  com o seu eterno rival FHC.                                                          

                                                                              ewerton.neto@hotmail.com
                                                               http://www.joseewertonneto.blogspot.com

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