sábado, 22 de junho de 2013

A COPA VERDADEIRA




artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado.


Mas, afinal de contas, qual é a Copa que o Brasil está disputando? No gramado, verdinho, rodeado de arquibancadas  cheirando a leite, 11 jogadores, bem-nutridos e endinheirados, vestem uma camisa verde e amarela e, depositários da confiança de toda uma nação partem para a luta. Mas, e lá fora? Os manifestantes contra o estado de corrupção a que chegou o país. Que Copa será essa?

1.BRASIL x BRASIIIIILLLLLLLLL!

Esse Brasillllllllllll!,  interminável, que se pretende tão grande como o primeiro é   o de Galvão Bueno, quando o Brasil faz um gol, um golzinho só. Muita gente já se perguntou quanto Neymar, o craque,  ganha para fazer um gol, mas pouca gente já se deu ao trabalho de perguntar quanto custa um gol gritado pelo maior embusteiro  da nação, aquele  que se julga o mais patriota dos brasileiros, Galvão Bueno. Quanto será que ele ganha por cada letra que estende além,  na garganta intermináaaaaaavel ?
Esse Brasiiiilllll, de Galvão Bueno, como ele próprio sabe,  está longe de ser o Brasil de verdade. O Brasiiiillll! de Galvão Bueno é vistoso, joga sempre bonito ( até quando não está jogando nada) , é pleno de brasileiros cheios de vida e de bolso. Milionários, como ele, que têm mansões na Europa onde moram, de preferência à sua própria terra, mesmo sendo tão ‘patriotas’.  É um Brasil de mentirinha, de noventa minutos apenas, ou, no máximo, de 24 h de ressaca de gol, que não resiste à passagem do tempo e do quotidiano, mas  que tem sido suficiente para iludir,  por alguns segundos,  os nascidos num  Brasil de verdade.
O Brasil não é páreo para o Brassiiiiilllll!   
                                               




2.CAMARÕES x ELEFANTES.  

Não se trata da seleção de Camarões, aquele simpático país da África que já jogou um futebolzinho razoável. Camarões, desta vez,  sequer vai à Copa. Mas estamos falando dos camarões que estarão na Copa, aqueles graudões, servidos nos restaurantes de hotéis com estrelas a perder de vista,  para serem deglutidos pelos de sempre: executivos da FIFA, da CBF, negociantes  da Copa – e da cozinha, mandatários   e seus puxa-sacos. São  os camarões de Fortaleza, Recife e Salvador que  a populaça – sem dinheiro sequer para  ir aos estádios, jamais vai sentir o sabor na própria boca.  Quanto aos elefantes, não estamos falando dos rechonchudos elefantes  dos livros infantis , mas daqueles que estarão na Copa e que nasceram especialmente para ela.  Os  elefantes...brancos.
Os camarões farão sucesso, sem dúvida, serão festejados quando descerem pelas goelas, mas depois da copa desaparecerão se em profusão. Já os elefantes brancos, esses não.  Esses permanecerão para sempre, abandonados e   imponentes, monumentos do desperdício, símbolos eternos de um país que os prefere a hospitais e escolas. Os elefantes brancos vencerão.



                                  

3. PÃO x FELI-PÃO.

O pão subiu de preço. O Feli-pão subiu muito mais. Quantos pães,  necessários para alimentar a boca de milhões de brasileiros famintos,  são necessários para alimentar o bolso do Feli-pão? O que é mais importante para o nosso país: o pão na boca do povo ou o pão nos bolsos do Feli-pão? (Um pão custa em torno de quarenta centavos, um Feli-pão, dizem,  ganha quase um milhão). Perguntas que só uma disputa de Copa resolve.
Feli-pão, além de ganhar muita grana,  é um técnico medíocre, igual a tantos por esse Brasil afora, mas tem certas virtudes: é grosseiro, boquirroto, metido a valente , mas esperto o suficiente para se dar bem às custas do talento de alguns  jogadores. Foi assim quando ‘montou’ no talento de Rivaldo,  para ganhar a Copa de 2002 e fez jus à sua personalidade oportunista ao repudiar o jogador,  quando este, veterano, quis voltar a jogar no time que ele dirigia, o Palmeiras. E está sendo  ainda Feli-pão quando,  no último jogo Brasil x México  teve a coragem de dizer que foi o “espírito de luta” implantado por ele em sua  equipe que ganhou o jogo, e não Neymar.  Espírito de que, cara-pálida? Se espírito ganhasse jogo o campeonato baiano terminava empatado - como dizia João Saldanha.
Porém, mesmo que o Brasil perca a Copa, Feli-pão, sairá vencedor. Não terá como abandonar o barco covardemente, como fez com o Palmeiras, time que empurrou para a  segunda divisão. Mas seu salário exorbitante garantirá sua  festa.  Feli-pão não é apenas  pão a perder de vista. É  Feliz-pão!

                                       
                                      

4.PEC 37 X HINO  NACIONAL

Hino nacional,  honra nacional. Páreo duro? Nem tanto. O Hino Nacional será cantado antes das partidas, como sempre,  sem que o brasileiro saiba sequer o que está falando. Ou cantando. Um dia vi perguntarem na tevê a uma famosa e respeitada jornalista qual era o sujeito da frase “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas”. Ela se enrolou e não soube. Mas, qual seria o sujeito do Hino Nacional, da Honra Nacional?
Com certeza não é o PEC, o PEC não parece ser um grande sujeito. Está longe de jogar  como Pelé, com cujo nome parece, antes, ao que tudo indica , ao invés  de jogar,  foi jogado ( para ver se pega) . Os manifestantes não querem o PEC, reconhecem nele um símbolo da proteção à corrupção. Se neste país já ninguém investiga , com a chegada do PEC, ponto final: a corrupção some por encanto. Que solução!
Os manifestantes não gostam desse cara, desse PEC. Mas, quem duvida que o ele vai sair ganhando? Claro, porque quem dá o resultado do jogo não é a bola na rede, mas, justamente,  quem tem o interesse de ficar livre das investigações. A honra nacional, coitada, ficará mais uma vez a ver navios.
Vai dar PEC,   37 a Zero.

                                                                                              ewerton.neto@hotmail.com

                                                               http://www.joseewertonneto.blogspot.com

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