artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado.
Mas, afinal
de contas, qual é a Copa que o Brasil está disputando? No gramado, verdinho,
rodeado de arquibancadas cheirando a
leite, 11 jogadores, bem-nutridos e endinheirados, vestem uma camisa verde e
amarela e, depositários da confiança de toda uma nação partem para a luta. Mas,
e lá fora? Os manifestantes contra o estado de corrupção a que chegou o país. Que
Copa será essa?
1.BRASIL x BRASIIIIILLLLLLLLL!
Esse
Brasillllllllllll!, interminável, que se
pretende tão grande como o primeiro é o de Galvão Bueno, quando o Brasil faz um gol,
um golzinho só. Muita gente já se perguntou quanto Neymar, o craque, ganha para fazer um gol, mas pouca gente já se
deu ao trabalho de perguntar quanto custa um gol gritado pelo maior embusteiro da nação, aquele que se julga o mais patriota dos brasileiros,
Galvão Bueno. Quanto será que ele ganha por cada letra que estende além, na garganta intermináaaaaaavel ?
Esse
Brasiiiilllll, de Galvão Bueno, como ele próprio sabe, está longe de ser o Brasil de verdade. O
Brasiiiillll! de Galvão Bueno é vistoso, joga sempre bonito ( até quando não
está jogando nada) , é pleno de brasileiros cheios de vida e de bolso. Milionários,
como ele, que têm mansões na Europa onde moram, de preferência à sua própria
terra, mesmo sendo tão ‘patriotas’. É um
Brasil de mentirinha, de noventa minutos apenas, ou, no máximo, de 24 h de
ressaca de gol, que não resiste à passagem do tempo e do quotidiano, mas que tem sido suficiente para iludir, por alguns segundos, os nascidos num Brasil de verdade.
O Brasil não
é páreo para o Brassiiiiilllll!
2.CAMARÕES x ELEFANTES.
Não se trata
da seleção de Camarões, aquele simpático país da África que já jogou um
futebolzinho razoável. Camarões, desta vez, sequer vai à Copa. Mas estamos falando dos
camarões que estarão na Copa, aqueles graudões, servidos nos restaurantes de
hotéis com estrelas a perder de vista, para serem deglutidos pelos de sempre:
executivos da FIFA, da CBF, negociantes da Copa – e da cozinha, mandatários e seus
puxa-sacos. São os camarões de
Fortaleza, Recife e Salvador que a
populaça – sem dinheiro sequer para ir
aos estádios, jamais vai sentir o sabor na própria boca. Quanto aos elefantes, não estamos falando dos
rechonchudos elefantes dos livros
infantis , mas daqueles que estarão na Copa e que nasceram especialmente para
ela. Os elefantes...brancos.
Os camarões
farão sucesso, sem dúvida, serão festejados quando descerem pelas goelas, mas
depois da copa desaparecerão se em profusão. Já os elefantes brancos, esses não. Esses permanecerão para sempre, abandonados e
imponentes, monumentos do desperdício,
símbolos eternos de um país que os prefere a hospitais e escolas. Os elefantes brancos
vencerão.
3. PÃO x FELI-PÃO.
O pão subiu
de preço. O Feli-pão subiu muito mais. Quantos pães, necessários para alimentar a boca de milhões de
brasileiros famintos, são necessários
para alimentar o bolso do Feli-pão? O que é mais importante para o nosso país:
o pão na boca do povo ou o pão nos bolsos do Feli-pão? (Um pão custa em torno
de quarenta centavos, um Feli-pão, dizem,
ganha quase um milhão). Perguntas que só uma disputa de Copa resolve.
Feli-pão,
além de ganhar muita grana, é um técnico
medíocre, igual a tantos por esse Brasil afora, mas tem certas virtudes: é
grosseiro, boquirroto, metido a valente , mas esperto o suficiente para se dar
bem às custas do talento de alguns jogadores. Foi assim quando ‘montou’ no
talento de Rivaldo, para ganhar a Copa de
2002 e fez jus à sua personalidade oportunista ao repudiar o jogador, quando este, veterano, quis voltar a jogar no
time que ele dirigia, o Palmeiras. E está sendo ainda Feli-pão quando, no último jogo Brasil x México teve a coragem de dizer que foi o “espírito
de luta” implantado por ele em sua equipe que ganhou o jogo, e não Neymar. Espírito de que, cara-pálida? Se espírito
ganhasse jogo o campeonato baiano terminava empatado - como dizia João
Saldanha.
Porém, mesmo
que o Brasil perca a Copa, Feli-pão, sairá vencedor. Não terá como abandonar o
barco covardemente, como fez com o Palmeiras, time que empurrou para a segunda divisão. Mas seu salário exorbitante garantirá
sua festa. Feli-pão não é apenas pão a perder de vista. É Feliz-pão!
4.PEC 37 X HINO NACIONAL .
Hino nacional, honra nacional. Páreo duro? Nem tanto. O Hino
Nacional será cantado antes das partidas, como sempre, sem que o brasileiro saiba sequer o que está
falando. Ou cantando. Um dia vi perguntarem na tevê a uma famosa e respeitada jornalista
qual era o sujeito da frase “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas”. Ela se
enrolou e não soube. Mas, qual seria o sujeito do Hino Nacional, da Honra
Nacional?
Com certeza
não é o PEC, o PEC não parece ser um grande sujeito. Está longe de jogar como Pelé, com cujo nome parece, antes, ao que
tudo indica , ao invés de jogar, foi jogado ( para ver se pega) . Os
manifestantes não querem o PEC, reconhecem nele um símbolo da proteção à
corrupção. Se neste país já ninguém investiga , com a chegada do PEC, ponto
final: a corrupção some por encanto. Que solução!
Os
manifestantes não gostam desse cara, desse PEC. Mas, quem duvida que o ele vai
sair ganhando? Claro, porque quem dá o resultado do jogo não é a bola na rede,
mas, justamente, quem tem o interesse de
ficar livre das investigações. A honra nacional, coitada, ficará mais uma vez a
ver navios.
Vai dar PEC, 37 a
Zero.
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