Artigo publicado domingo , dia 8, no suplemento especial
do jornal o Estado do Maranhão em homenagem aos 401 anos
da cidade de São Luis
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1.Shopping-center x Centro.
Prefira o
centro: maltratado, cheio de flanelinhas e camelôs, esburacado ou não, prefira
o centro. Shopping-centers se dão bem com patricinhas, peruas sem rumo e
buxudões sem destino. Uma hora no centro histórico da cidade vale por vinte
anos em qualquer shopping-center - esse
condomínio de prisioneiros do ar-condicionado e do vazio comunitário. (Sei
que o IPHAN está anunciando a doação de milhões para melhorar o centro da
cidade. OK, mas que ninguém esqueça que o centro da cidade sempre valeu e
valerá muito mais que uma fotografia para turista) .
2.Sampaio Correia x Flamengo.
Prefira o
Sampaio Correia. Lembre-se de que o
Sampaio foi o único time do mundo campeão
de três divisões nacionais. E, se ainda faltarem razões, além do fato de ser um
time da terra, lembre-se de que a todo-poderosa Rede Globo, a entidade que
controla o futebol brasileiro ( e, conseqüentemente, os juízes de futebol, a
CBF e a exaltação comprada) não está nem
aí para o Sampaio Correia, o glorioso time do calção cáqui com nome de um avião
- para poder vencer “e voar” como os pássaros.
3.Carroça x Hilux.
Tenha paciência,
incomode-se com a lerdeza do trânsito, mas jamais xingue
o carroceiro, muito menos um animal tão humilde e paciente como o jumento. Se tiver que xingar, xingue as jamantas importadas que no trânsito complicado da cidade se movem
– que vergonha! - mais devagar ainda que as carroças E, por outra, lembre-se de
que o jumento que dirige a carroça é
menos burro do que o jumento que dirige a Hilux , pois o que dirige a camioneta
não tem inteligência sequer suficiente
para perceber que carrões desse porte não são apropriados para as ruelas estreitas
desta cidade e seus pequenos estacionamentos, mas sim para auto-estradas.
4.Cupuaçu x Craviola.
Difícil
escolha porque ambas as frutas são uma delícia: misture ambas no suco:, seu prazer aumentará.
Mas, se você for um inovador vá mais
adiante: acrescente bacuri.
5.Juçara x Açaí.
Juçara,
sempre juçara, mas não com tapioca de Pará, mas com farinha d’água. Acrescente camarão
seco, peixe- frito, ou o que mais for. A juçara ( embora seja a mesma coisa ) é
muito melhor do que o açaí porque já vem com fundo musical de nome de mulher.
6.Estátua de poeta x estátua de político (ou
de heróis).
Fique com as
estátuas de poetas: o risco é menor de se perder tempo admirando
o que não deve. Prefira, entre todas, a de Gonçalves Dias, altaneira, na aprazível
Praça dos Remédios. Montado no mar dá de dez a zero na do Duque de Caxias,
montado num cavalo, no bairro do João Paulo.
7.Praia do Olho DÁgua x Ponta D’areia.
A outrora
belíssima praia da Ponta D’areia , por culpa da especulação imobiliária – sob o
aval do Poder Público - virou uma pequena porção de água salgada cercada de
edifícios por todos os lados. Por sua vez, a pequena porção de água salgada, agora está cercada
de dejetos por todos os lados ( vindo dos edifícios). Quanto ao Olho D´`Agua...
Quer saber?
Prefira a Praia Grande: tem mulher, tem bebida, comida, pouca roupa - a depender do que você deseja -, e tem a
vantagem de que não tem praia. E nem edifícios horrorosos para enfear a paisagem.
8.João Paulo x Felipinho.
Os dois são
gente boa. Eles e mais o Sampaio Correia são os caras mais conhecidos desta
cidade. E as gentes que moram neles, idem.
9.Atenas Brasileira x Jamaica Brasileira.
Que me perdoe
o Bob Marley (de quem gosto muito), mas prefira a Atenas. A Atenas Brasileira tinha Aluisio Azevedo e
Gonçalves Dias e agora tem Ferreira Gullar, José Chagas, Nauro Machado, Cassas
e Ronaldo Costa Fernandes. A Jamaica Brasileira, por sua vez: muito passado,
pouco presente, pouco futuro Até a Tribo
de Jah, ‘jah’ se mandou.
10.Academias de samba x Academias de Letras.
São Luis já
foi, nos anos setenta, para cada doze maranhenses, uma academia de letras, não
é mesmo, Pasquim? Vá lá, a coisa não era bem assim ( o jornal
estava ironizando) , mas o samba jamais fez por esta terra o que fizeram as
letras. “Podem me prender, podem me bater, que eu não mudo de opinião”, de cima
de um livro eu não saio não – como já dizia o samba carioca.
11.Ribamar x Cauã. Prefira o nome do seu
do seu avô ou do seu bisavô para colocar
no seu filho, senhora, não vá atrás de nome de artista da Globo. Nem se deixe influenciar por
humoristas de segunda categoria como Tom Cavalcanti, que, estupidamente, deu ao
nome uma conotação ‘racista’ de nordestino porque ele próprio não dá valor a sua
origem e a si mesmo. Ribamar é um belo nome,
antes de nordestino, maranhense, o
último que nos sobrou. E que para ser
bonito nem precisa do milagre do santo.
12.Arroz de Cuxá x Arroz de Parida x Arroz de
Codorna x Arroz de Capote. Prefira sempre o que tiver Arroz, o Arroz, o
Arroz! Comida de maranhense sem arroz é
como um outro tipo de comida, sem carinho preliminar. Se o grande poeta
pernambucano Manoel Bandeira dizia: “ Se
perguntares que mais queres, além de versos e mulheres: Vinho, vinho é que é
meu fraco, acrescente o arroz na festa e nos versos. Se fica menos
poético, porém, fica muito mais gostoso.
13.Sol x Chuva.
Sol, muito
sol. De manhã, de tarde e, se possível, de noite. Agradeça todo o dia a Deus
por morar numa terra onde o sol não
cobra aluguel e nem precisa de decreto da presidente para oferecer desconto de
sua luz. E tenha pena, muita pena, dos bobalhões desta terra que, ao visitar o
exterior, ou mesmo o Sul do país, não
podem olhar um floco de neve que começam a chorar de emoção. Coitados! Quando
vão descobrir que não há beleza de neve ( que para os europeus não passa de uma
incômoda lama) que se compare a um minúsculo raio de sol do crepúsculo, visto
da ponte do São Francisco ou da Bandeira Tribuzzi?
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