sábado, 9 de novembro de 2013

FELICIDADE É : IGUAL A P + 5E + 3H



artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado


Nunca se falou tanto em felicidade. O brasileiro, por exemplo, se considera feliz e, nesse campeonato, mundial, está em primeiro lugar. Em outro campeonato, porém, também de felicidade, ocupa apenas um modestíssimo 46º lugar. Pode?
Acontece que o primeiro é baseado em respostas pessoais, o entrevistado abre a boca e diz o que quer, já no segundo a felicidade é medida segundo critérios pelos quais não o indivíduo, mas as nações, são avaliadas e ranqueadas por 89 indicadores em oito categorias, como educação, governo e economia. Ou seja, tem gente que está se julgando feliz sob uma condição paupérrima e das duas uma: ou a felicidade é do tamanho da boa vontade que alguém tem para com ela ou tem gente que não sabe sequer o que é felicidade.
Mas, será que alguém sabe? Se isso fosse fácil os filósofos não teriam quebrado a cabeça a vida inteira para tentar defini-la sem chegarem a um resultado razoável. Até hoje, a melhor definição de felicidade que já vi, não foi de um filósofo, mas de uma atriz, a sueca Liv Ullmann, quando a definiu, eivada do pragmatismo sueco e, possivelmente, sob os resquícios da convivência com o seu mórbido, mas genial marido Ingmar Bergman: “Felicidade é saúde e péssima memória.” Quem dá mais?


                                              




Foi pensando nessa dificuldade de definição  que cerca de cinco anos atrás ousados psicólogos britânicos acusaram ter descoberto, afinal, a fórmula:

     FELICIDADE= P + (5E) +(3H).

Pronto! Aí estava a felicidade, finalmente accessível, separada de nossos anseios apenas por um sinal de igualdade, (sinal este, aliás,  facilmente  usurpável , principalmente em nosso país, do ‘jeitinho brasileiro’, onde até a matemática pode ser corrompida, não é mesmo?)  Quer melhor que isso? Bonitinha, mas ordinária, cômica se não fosse trágica se, além de tudo, não estivessem enfiados na sua vizinhança o P o E e o H para complicarem nossas aspirações ainda mais. Pois o tal do P se refere a pessoas (com seus n fatores intrínsecos à personalidade, entre os quais otimismo nas adversidades); o tal do E se refere à estabilidade; emprego, saúde e dinheiro ( ah, o tal dinheiro!);  e H ao senso de humor, a auto-estima e as ambições.
Complicou ainda mais, certo? Tivesse algum ser humano nascido com tudo isso e nem precisaria de felicidade. Não moraria nesta Terra, mas no Paraíso com direito a beijos de Elizabeth Taylor ao acordar e a dar pontapés em Pedro Álvares Cabral, em nossos heróis de araque e em Janio Quadros por tudo que nos fizeram. 

                                        


Como essa alternativa, infelizmente, não passa de mais uma relativização impossível, mesmo com toda boa vontade de Einstein, o mais racional seria pensarmos, a bem de nossa saúde, que, de fato, o problema da felicidade não é só que todo mundo quer ter uma a seu bel prazer, mas que ela, talvez, sequer exista. O que, pensando bem, seria melhor para todo mundo, porque só assim se deixaria de pensar na mesma  como se fosse um alvo de loteria, plenamente alcançável à custa de alguns realzinhos, um lance de sorte e muita paciência numa fila de otários. 
Se lembrarmos que uma semana atrás Nicólas Maduro, herdeiro de Hugo Chávez criou na Venezuela o Ministério da Suprema Felicidade; que Naldo Dinheiro, o “cantor” brasileiro disse que “Dinheiro traz tanta felicidade que iria colocá-lo no sobrenome”; e que onze entre cada dez peruas-celebridades brasileiras se perguntadas se são felizes, respondem afirmativamente e tentam exibi-la na face como se fosse um adorno (com um sorriso que só não vai mais longe porque o botox não deixa), dá até vontade de ser infeliz, não é mesmo?

                                               
   

Pois se existe felicidade em escutar música sertaneja (a preferida por mais da metade dos brasileiros); em cantar hino nacional em tudo quanto é jogo de futebol de segunda, e em sair gritando de alegria e chamando “Vai Curíntia” depois de ter sido roubado para o Governo poder enfiar 500 milhões na construção de um estádio de futebol para esse time, que raios de felicidade medíocre será essa?

Vá lá, FELICIDADE = P + (5E) +(3H) e estamos conversados. A matemática   que  nos salve de tanta  felicidade, se puder!
                                                           ewerton.neto@hotmail.com
                                   http://www.joseewertonneto.blogspot.com



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