artigo publicado na seção Hoje é dia de...Caderno Alternativo,
jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado
“O ser humano é apenas a soma de
suas ilusões”, sentenciou Henry James e
poucas vezes essa verdade surge tão
contundente quanto nos desejos de final de ano, enviados
de uma pessoa para outra. Ao desejarem paz e isso, paz e aquilo, parece até que no afã de se livrarem
da obrigação de encontrarem uma solução para o que desejar ao próximo, as pessoas se socorrem da palavra Paz, sem
sequer atentarem ao que ela significa. Pois...
Será mesmo
que existe paz ainda possível hoje em dia? E, sinceramente, será que, de fato, as
pessoas realmente desejam paz uns aos outros? Se o desejam, por que são tão
obsessivas com sons nas alturas; por que são tão seduzidas por gritarias e espetáculos
barulhentos; por que buzinam sem motivo algum, e xingam em altos brados por motivo fútil? E,
por outro lado, onde ainda é possível encontrar-se um lugar onde exista paz? A
própria travessia do ano, patrocinada pelos governantes, é quase sempre uma exaltação
ao barulho infernal e de baixa qualidade, para ser tragado em altos goles ou seja
lá como for. E a felicidade, tão buscada
e desejada, essa mais parece uma mosca fora do lugar, escorraçada de um confuso
banquete de mendigos.
Sendo esta tal da Paz, tão irrealizável , por que não aprendermos
a ser mais pragmáticos , a partir de
agora, começando a desejar, uns aos
outros, coisas exeqüíveis que sejam, com o devido respaldo da ciência, tidas
como benéficas?
Como sexo,
por exemplo. Para começar, o sexo está cada vez mais exaltado como essencial.
Como se faltassem outros motivos, é só chegar o início do ano que começam a
proliferar nos jornais, e na Internet, listas que não acabam mais, propagando as inúmeras vantagens de se
praticar sexo, agora não mais em nome do prazer, mas em nome da saúde e do
bem-estar. E, dentre as suas ‘infinitas’
variações que se inventam a cada dia, eis que desponta, triunfal ,a velha e
popular masturbação, com sua conhecida praticidade acrescida, agora, de seu enorme
benefício à saúde.
Pois se para
Woody Allen, o escritor norte-americano,
“A grande vantagem da masturbação é a de que você pode transar com a mulher que você quer” - e isso não é coisa que se despreze -, queira
saber, caro leitor, que existe ainda uma longa lista de benefícios proporcionados
pela mesma no campo da saúde. Anthony Santella, cientista da saúde pública
da Universidade de Sydney, na Austrália descobriu em novo estudo que o auto-prazer
pode afastar doenças como cistite, depressão, diabetes e câncer. Para as
mulheres, especificamente, a masturbação, além disso, pode ajudar a prevenir infecções no colo do
útero e no trato urinário. Enfim, tudo isso como se não bastasse o que todo
mundo já sabe por experiência própria: pequeno espaço, custo mínimo, não-obrigatoriedade
de parceiro etc. que a tornam universalmente concretizável pela maioria dos homens (94%) e 85 % das
mulheres ( o que deve ser entendido como algo acima de 99% , já que muitas, com o pudor cultural de não
desagradar aos homens, ainda hesitam em
confirmá-la)
Portanto, ao desejar Feliz Masturbação a seja lá quem
for, o leitor amigo(a) estará desejando
uma das soluções mais benfazejas que um
ser humano pode desejar a outro, inclusive -, a bem da verdade-, acrescida do
lucro de poder omitir a palavra Paz, tão fora de moda, já que uma está embutida na outra. Pois, como
também indagou outro humorista: “Pode existir no mundo paz maior do que aquela
que reina nos cinco segundos que sucedem a uma masturbação bem realizada?”
Talvez no
outro mundo, mas até agora ninguém voltou para contar.
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