artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado
Sendo o próprio carnaval, por
definição, uma agradável catarse coletiva de bizarrices anunciadas, como
destacar essa ou aquela? E, no entanto, cada ano que passa a ‘raça’ se aprimora.
Já nem falo das eleições das Escolas
de Samba. Juro que sempre me intrigou a impressionante precisão dos senhores
jurados na hora de avaliar quesitos tão “transcendentais” como Comissão de
Frente ou Porta-Bandeira. Mas o que impressiona nessa turma não é apenas a
capacidade de avaliar, mas a de serem possuidores de um olho crítico capaz de sacramentar,
por exemplo, 9,75 para uma escola e 9,50 para outra. Vai ser preciso assim...
no reino da Fantasia!
O que será mesmo que
representam esses vinte e cinco centésimos de diferença rumo ao império da
perfeição: o odor do sovaco suado da rainha da bateria? Alguma tatuagem oculta? A gengiva inflamada? O cheiro
de chulé, ou a calcinha rasgada da moça, que só um jurado é capaz de ver? E, o
pior é constatar depois uma Escola de Samba dessas sagrando-se campeã por causa
de uma diferença de dois milésimos.
Tanta exatidão assim é de fazer
inveja ao futebol e seus Carlos Castanheiras. Castanheira, como todos sabem é
aquele auxiliar de juiz de futebol que sendo pago apenas para fazer isso, a
dois metros da trave em que se deu um
gol do Vasco, não o validou contra seu time de preferência, o Flamengo. (Por
falar nisso, Castanheira deve ter vibrado muito no Sambódromo com a performance, muito merecida, de Zico na Imperatriz
Leopoldinense. Para quem ainda não sabe, ele, flamenguista roxo, embora juiz de futebol da Federação Carioca, já
havia postado em sua página do facebook uma exaltação a Zico através da letra do
samba-enredo da Imperatriz). Dá-lhe Zico! Vibra Castanheira!
Mas, nem só de bizarrices antigas
sobrevive o Carnaval. Vamos a algumas mais recentes:
1.As fotografias dos desfiles, exibindo
a ação cruel dos paparazzi mostraram aqui, ali, e acolá as barrigas tanquinhos de
várias celebridades como a Mulher Filé, transformando-se,
de repente, em verdadeiras sanfonas.
Como o que não faltou, também, foi bunda
de capa de Playboy virando zabumba, dá
para questionar: afinal de contas, era desfile de escola de samba ou de banda
de forró?
2.Uma saia justa aconteceu em plena
transmissão que a rede Globo fez na manhã de terça, logo após o desfile da
Unidos da Tijuca. Foi possível ouvir claramente um folião xingando a emissora
durante a reportagem: Ei, Globo, vai
tomar no c...”
Ou seja, é bom que a emissora se
previna para o que virá na Copa, especialmente quando Galvão Bueno estiver no
comando: “Ei, Galvão Bueno, vai tomar no seu... Globo!”
3.E Preta Gil, que já marcou a data
de seu casamento com Rodrigo Garcia para junho, só esqueceu de avisar ao pai, o
cantor e ex-ministro Gilberto Gil que foi pego de surpresa pelo repórter
durante a transmissão do desfile:
- Vai casar, é? Não tô sabendo...
Como bom pai e conhecendo a filha
muito bem, só faltou complementar: “ Vai ver que o pobre do marido também não
sabe ainda”.
Etc.etc. foram tantas as bizarrices
que nem chega a ser estranha a presença de um cantor sertanejo-universitário e
de uma banda de rock no carnaval maranhense.
O Paralamas, por exemplo, teve boa
razão para acontecer. Escalado para o final, após a chuva e o lixo da música
sertanejo-universitária despejada na Praça
Deodoro na noite anterior, deve ter sido escolhido por ser uma boa proteção para- a- lama e as cinzas de quarta-feira.
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