sábado, 6 de setembro de 2014

MARINA...( OU A VIDA QUE SEGUE MARINANDO)




Artigo publicado na seção Hoje é dia de..Caderno Alternativo,
jornal O Estado do Maranhão, hoje, sábado.


 VIDA QUE SEGUE MARINANDO, E O  CENTRO
           
            Eis que na capa da Revista Isto É surge mais um neologismo: Marinar. Porém,  nada a ver com o que a ressonância do  nome sugere de marina, mar, onda e água. Marinar,  desta vez,  significa apoiar a candidata Marina, ter esperança nessa mulher acreana, miúda, franzina e que ainda tem, além de Marina,  um Os-mar-ina no nome comprido. Uma mulher cuja biografia tem todos os ingredientes para criar o mito da mulher batalhadora, quase heroica, que,  por ter sido analfabeta  até os dezesseis anos e chegar  aonde chegou, só pode ter algo de especial.
            Mas o que seria esse algo especial: sorte, estar no lugar certo na hora certa, ou ser uma pessoa hábil para lidar com os ingredientes escusos do meio político (à la Lula)?  É fácil explicar, do ponto de vista do povo,  esse Marinar que está indo além de uma primitiva onda. Desiludidos com a corrupção desenfreada, que Dilma, a durona,  tentou afrontar no início, mas sucumbiu à pressão, o povo sonha substituir a durona, (mas frágil  de convicção), Dilma,  pela  frágil fisicamente , mas dura de quebrar ( como fez na vida) Marina, como se evocasse o credo revolucionário embutido nas palavras do utópico, embora embusteiro, Che Guevara: “Hay que endurecerse, pero sin perder a ternura, jamás”. Ternura, muita ternura, mas também dureza, muita dureza, é isso que está faltando, no imaginário popular, para erradicar a corrupção deste país. A poesia, aderida à utopia de que isso aconteça,  vem de quebra.




                                                         



 
            E dá-lhe Marina, pelo menos até que tome posse e depare com os problemas de administrar uma nação contaminada. Só então se poderá saber se Marina (quem duvida de que será eleita?) será capaz de cumprir a promessa de endurecer sem perder a mira de sua ternura pelos fracos, num sonho popular que, de tão utópico,  chega a  tanger,  para os céticos, a fronteira do messiânico.  

            2. E São Luís,  esta semana ,  mais uma vez sofreu com a falta d’água porque, pela enésima vez se rompeu uma tubulação do Sistema Italuís, o que motiva uma boa pergunta. 





                                                    





O que é mais frequente  no cotidiano desta nossa cidade : O sol nascer; um túnel ser aberto por marginais nas cadeias;  ou um cano do Sistema Italuís a rebentar? Considerando  que, de saída, o alvorecer não encara essa disputa, a vitória fica para as opções que sobraram. O páreo é duro!

            3.Se você ainda alimenta expectativas  de ir, qualquer dia, ao centro da cidade no seu carro, fique certo de que a administração pública lhe doará  um kit de permanência,  assim que chegar lá: um guarda para cada pneu do seu carro, uma placa de ‘proibido estacionar’ até onde for o alcance do seu olhar; um batalhão de motos enfileiradas  do seu lado direito e um cone de proibido ( maior do que seu carro) do lado esquerdo. Ou seja, a essas alturas você já desconfiou de que é melhor não olhar pra cima porque deve ter mais... E tem:  um sinal de trânsito, pronto para lhe enfiar mais uma multa.
            O que motiva uma singela pergunta: o que será que os administradores têm contra o Centro? E porque, mesmo nas suas boas-intenções (como regular o trânsito) a alternativa é sempre buscar o lado mais fácil que é o de proibir,  punir, punir e punir?  Ora, se você vai ao Centro da cidade, e depois de duas horas não consegue estacionar seu carro, que lhe resta a fazer senão voltar para casa ou fugir para os shopping-centers? Com isso,  condena-se  o centro da cidade ao que há muito se está vendo: lojas quebrando por falta de clientes, comércio às baratas e ruas desertas de pessoas.
            O lado pragmático (para não dizer outra coisa) desse pessoal em relação ao Centro sempre tem sido esse:  se os carros são causadores do trânsito caótico, elimine-se os carros. Se as pessoas, não podem mais chegar ao centro, eliminem-se as pessoas. Se as casas estão caindo, derrubem-se as mesmas. 




                                                    





            Dia virá em que só  restará  indagar  à irremediável solidão do célebre escritor João Francisco Lisboa, cuja estátua é, por assim dizer,  o centro do centro da cidade: Quando não houver mais ninguém no centro da cidade, para onde você irá? Provavelmente, fazer companhia a Aluísio Azevedo que, depois de morto, expulsaram de sua própria casa. (Como bem denunciou,  há duas semanas, neste jornal em oportuna crônica,  o escritor Antonio Carlos Lima).
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com                                                                        http://www.joseewertonneto.blogspot.com


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