artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado
Bons tempos aqueles em que só havia três ou quatro fobias mais conhecidas:
medo de altura, medo de escuro, medo de ser corno ou as três ao mesmo tempo. Ou
seja, se você quisesse dar uma de vítima
para o juiz depois da merda feita tinha
que escolher entre uma dessas, o que, além de não dar tanto Ibope assim, não
era nada original.
Acontece que
o mundo evoluiu, os medos se alastraram e se sofisticaram e hoje existe fobia para
tudo quanto é lado e espécie: cachorro tem fobia, papagaio também e até
eletricidade tem fobia. De você. Sabe
aquela luz de poste que só apaga quando você chega, depois da meia-noite?
Aliás, são tantas as fobias ao alcance de todos que a fobia de preferência de cada
um deveria estar em toda carteira de
identidade, para melhorar a identificação
do cidadão. Junto com nome, CPF, estado civil e tipo de sangue. Já pensou que sucesso nas redes sociais a cópia de sua identidade
confirmando que você, além de ter Aritmofobia
(fobia a números) tem Chromofobia (fobia
a determinada cor?). Sandy e Preta Gil morreriam de inveja.
Hoje as
fobias são tantas e tão estranhas que sequer dá tempo de a ciência nomeá-las.
Tenho um amigo, por exemplo, que de um tempo para cá criou fobia de Seleção
Brasileira. Ele não pode ver Galvão Bueno e Casagrande juntos e, ao fundo,
camisas amarelas correndo atrás de uma bola que, incontinenti, dá um salto
apavorado e corre para o banheiro. Angustiado (provavelmente lembrando o sete a
um), lá permanece por tempo indeterminado, em polvorosa, até que algum amigo, solidário, consiga
evitar-lhe o suicídio gritando: “Não se mate ainda, Cardoso, guarde o suicídio pra depois, que tá
vindo coisa pior . Dunga está de volta.”
Mas, o que é
mesmo uma fobia? Do Dicionário Larousse “É um medo angustiante e insensato de
pessoas, objetos e situações, que não oferecem perigo, mas do qual a pessoa não
consegue libertar-se.” Entre elas, pasmem, o medo de mulher bonita, que, nesta
composição, passa a ter status de parágrafo juntamente com outras duas, por absoluta
falta de espaço de nomear as mais bizarras.
1.Antrofobia:
Medo de mulher bonita. Dá para acreditar que exista isso, senhores, ou toda
imaginação mais fértil do mundo é insuficiente para concebê-la? Tentemos
imaginar um sujeito com antrofobia, por exemplo, se torturando diante de um
retrato antigo de Sofia Loren. ( acima) Rasgará seu retrato machucando aquele gracioso nariz
ou sairá correndo, em busca de uma corda
para se enforcar? E o que aconteceria se ele visse, de repente, Carolina Dieckmann na porta de sua casa? A expulsaria a pontapés ou a latidos de pit-bull?
(Ouso acreditar que, neste caso, o Pit-Bull se recusaria, supondo que não fosse antrófobo).
A rigor, só existe uma explicação para isso. A
mãe do sujeito deve ter a cara de Frankenstein, sua esposa a de Suzana Vieira e
sua amante uma soma caprichosa das duas. Assim, quem sabe.
2. Tripofobia.
Fobia a buracos. Pessoas desse tipo, acredite se quiser, tem pavor a buracos, como, por exemplo, a chuveiros, favos de mel ou esponjas. Vai ver
que tripófobos se banham de capacete para não ver o chuveiro. O que nos induz um
sentimento incoercível de pena e solidariedade. E de angústia. Com tanto medo
de buracos como será que o sujeito faz para transar? Vá lá, talvez transe na
mais completa escuridão, com uma venda nos olhos por prevenção, mas, e depois...Será que manda botar uma tampa no negócio para não
identificar o(s) buraco(s)?
3.Agorafobia.
Medo de longas esperas em filas e consultório. Esse tipo de fobia é tão alarmante que para se livrar dele as
pessoas adquirem outro tipo de fobia, que é o medo de perder o sinal do celular(
nomofobia) . Basta ir a qualquer
consultório médico para constatar como as pessoas estão agarradas em seus celulares,
querendo protege-los mais que a si mesmas, escravas de suas fobias. Ficam tão apavoradas com o medo de perder o
aparelho que quando chega a hora de se consultarem esquecem o porquê de estarem
ali.
Quanto melhoraria
esse drama se as pessoas fossem informadas de que medo de fila é tão cruciante que
para superá-lo, os seres humanos precisam levar uma vida! Só descobrem que, afinal,
superaram esse medo angustiante, na fila do próprio enterro. Mas o de perder o celular,
continua.
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