José Ewerton Neto - Foto Divulgação
ENTREVISTA:
Ademir Pascale: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu
início no meio literário?
José Ewerton Neto: Comecei como muita gente fazendo poesia e meu
primeiro livro publicado chamou-se Estátua da Noite, quando tinha 18 anos.
Mais tarde ganhei um prêmio de poesias com o livro Cidade Aritmética, que
foi publicado em 1995, mas a minha produção literária se intensificou no
gênero de narrativas com dois livros de contos, três novelas e um de
crônicas. No próximo ano sairá mais um livro de contos, também premiado em
concurso.
Ademir Pascale: Você é autor do livro "O oficio de matar
suicidas" (Arte Pau Brasil / Escrituras). Poderia comentar?
José Ewerton Neto: O livro O oficio de matar suicidas, partiu da
ideia um tanto bizarra de alguém que, marginalizado pela sociedade, e sem
coragem de se matar, tem o impulso de resolver seus problemas financeiros
se propondo a abreviar suicidas em potencia sem coragem para tanto. As
propostas oriundas de potenciais candidatos se sucedem e a visão da
personalidade corrompida de alguns desses personagens no auge do sucesso
social, faz aflorar no personagem a obsessão pelo ofício de matar, sem
gerar uma satisfação íntima no indivíduo apesar do sucesso financeiro
repentino. Aos poucos o matador se defronta com um mistério policial que
ele precisa solucionar e que parte dele mesmo.
Curiosamente, a editora destaca na contracapa do livro dois casos reais
acontecidos na vida brasileira de natureza semelhante aos descritos na
narrativa e posteriores à concepção do livro.
Ademir Pascale: Poderia destacar um trecho do seu livro
especialmente para os nossos leitores?
José Ewerton Neto: Escolho aleatoriamente um pequeno trecho da fase
inicial da sina do personagem quando ele ainda está se iniciando no oficio
que escolheu:
Era uma coroa, Amália, de uns quarenta e tantos anos, mas provavelmente
quarenta anos de fila do SUS, desses que custam a passar. Não era rica.
- Sabe por que quero morrer?
Receei ofendê-la, por isso respondi.
- Não.
- Eu matei um homem.
Percebi que ela falava “um homem” com certo orgulho.
- Por quê?
- Era o meu marido.
- Bem... – não completei a frase. Ia dizer que eu não estava ali para fazer
uma investigação policial, que esse não era o meu ramo. Ela insistiu.
- Era um excelente marido.
- Hum, hum.
- Oh, como eu o adorava! Mas...
Resolvi participar do jogo. Fazer a pergunta que ela aguardava.
- Vá lá, então por que o matou?
- Oh, por que me pergunta isso? Você não tem pena de mim? Serei forçada a
responder. Que vergonha para mim! Ele era homossexual.
- Desde o começo ou depois de conhecê-la? – Não pude controlar as palavras.
A pergunta saiu sem pensar.
Ademir Pascale: Se você fosse escolher uma trilha sonora para
"O oficio de matar suicidas", qual seria?
José Ewerton Neto: Não sei se ao longo de todo o filme, mas para
determinados momentos de tensão da narrativa, quando o personagem
descarrega seu revólver após desenvolver uma crescente aflição em relação
ao que inconscientemente vai fazer, talvez o Bolero, de Ravel, caísse bem,
quando a melodia eleva e acelera o tom de seus acordes.
Ademir Pascale: Como os interessados deverão proceder para adquirir o
seu livro?
José Ewerton Neto: O livro está sendo oferecido na Arte Pau Brasil e
na Cia. dos Livros, pela Internet e em breve estará nas livrarias
principais. Em São Luís, onde moro, já está nas bancas de revista e nas
livrarias.
Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?
José Ewerton Neto: Um livro de contos O que dizem os olhos,
premiados pela FunC ( Fundação cultural da Prefeitura de São Luis) , sairá
no próximo ano, editado pela referida Instituição.
Perguntas rápidas:
Um livro: Dos lidos mais recentemente. “Fala Memória”, de Vladimir
Nabokov. Lidos, há mais tempo “Don Quixote de la Mancha”, de Cervantes.
Um (a) autor (a): Dentro do gênero policial (de O oficio de matar
suicidas): Lawrence Block , Peter Robinson e Stieg Larsson
Um filme: “A primeira noite de tranquilidade” e o faroeste “Shane”
Um dia especial: Qualquer dia é especial. Se não é tem que ser,
porque a vida do ser humano é muito curta.
Ademir Pascale: Deseja encerrar com mais algum comentário?
José Ewerton Neto: O tema do livro é aparentemente mórbido e complexo,
mas a narrativa é leve, como foi apontado por críticos a respeito das
primeiras edições. Sendo assim, confio em que os leitores sentirão prazer
com a leitura.
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O Ofício de Matar Suicidas - José Ewerton Neto
Entrevistado: José Ewerton Neto.
E nos informar pelo e-mail: cranik [@] cranik.com
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