artigo publicado no jornal O estado do Maranhão
Pode-se dizer que os gatos só apareceram na história dos
homens por causa da Minha casa, Minha vida!
Como????
Calma,
leitores, nada a ver, felizmente, com o programa de Dilma Roussef, mas sim com
o sonho da casa própria. Como todos sabem sonhos e realidades, embora não sejam a
mesma coisa, as vezes se confundem. Pois bem, o sonho da casa própria cutucou o
cérebro dos homens por 150 mil anos, mas só começou a realizar-se há cerca de 13
mil anos, quando, então, chegaram os
gatos. Pode-se dizer que o fenômeno da aproximação aconteceu com base em
determinada lei da Teoria da Evolução (não muito conhecida) que diz: casa atrai
alimento, assim como alimento atrai rato, e rato atrai gato.
Quando
dizemos gatos, queremos dizer minitigres, os ancestrais dos gatos.
A estas
alturas o leitor inteligente já terá percebido que esses mini tigres da época estão para os gatos atuais,
assim como os lobos estavam para os atuais cachorros.
Em troca de
alimento eles foram ficando por perto, matando os ratos e, se aperfeiçoando, o
que vale dizer: diminuindo de cérebro, de focinho, de fome e de vontade de voltar
pra selva. Tinham que aturar os humanos, mas o sacrifício teve compensações.
Tanto assim que
os gatos selvagens, que eram uma espécie de primo pobre dos leões deram a volta
por cima e se tornaram gatos domésticos, mais precisamente, Felis Catus, seu nome
científico. (Se alguém confundir o nome científico com o termo Feliz com z não estaria de todo errado, pois,
como todo mundo sabe, não há como ter sombra, água fresca e comida de graça sem se tornar muito feliz).
2.A coisa continuou
a ir tão bem nessa aproximação/evolução iniciada no Egito, que os gatos, depois de domesticados, por volta de 2 mil a.c. já apareciam em uma
pintura egípcia que mostrava um dos primeiros registros desse congraçamento: um
gato se deliciando com um peixe sob a cadeira da esposa de um nobre. Até
chegarem a deuses por volta de 600 a.c, foi um pulo, (de gato literalmente) coisa
que nem o mais otimista dos gatos selvagens poderia ter imaginado. A deusa egípcia
Bastet tinha a cabeça de gato, em vez da do Leão, demonstrando que o rei dos
animais tinha ficado pra trás e mais vale estar na cabeça de um deus do que ter
um deus na cabeça. Certo, leões?
Quando
Alexandre, o Grande (sempre ele) conquistou o Egito por volta de 300 a.c., os
egípcios, que eram tão bons de pirâmides como de gatos, influenciaram os gregos, que depois disseminaram
a gataria pelo mundo. Isso aconteceu porque os gregos, que entre outras coisas colecionavam
divindades, se encantaram com Isis a deusa-mãe dos egípcios.
Ou porque
não achassem justo sequestra-la (deuses não se sequestram assim com essa
facilidade), ou porque a deusa tenha se recusado partir sem mais nem menos os
gregos acabaram reescrevendo o mito com suas próprias palavras: fizeram uma
mistura e adotaram a Bubastis, mistura de Isis com Bastet. O gato, claro, continuou
confortavelmente instalado, em cima do pescoço da deusa. Haja amor divino!
Na época,
jamais ocorreria aos gregos se perguntarem se estavam se presenteando com um
presente de ‘grego’. Mas a igreja católica, muitos anos mais tarde, sim. E foi
então que começaram os anos negros de felinicídeo.
Sabe o que é
isso, leitor?
Obs. A
aventura continua na próxima, por falta
de espaço nesta.
José Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas
José Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas
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