Imagine o tédio de uma eternidade sem tempo e sem espaço. Sem celular para se distrair e sem alguém para
xingar nas redes sociais . Pior, muito pior que isso: sem
vivalma, nem pensamento, nem matéria. Só Deus e Deus.
Sentia vontade de reclamar para
alguém, mas não havia. Como reclamar se ele era o próprio Deus? Até que um
dia não aguentou, e sentiu o impulso , muito natural - até para Deus- de mandar
tudo à ....Puta que pariu. Mandou.
A dúvida é se teria sido esse o
palavrão inicial, ou teria sido outro: Merda, Porra, Putaria, Vida fodida...?
Ninguém sabe. O que se sabe é que Deus xingou
pela primeira vez e foi então que aconteceu o big-bang, uma explosão divina e infinita, decorrente de um tédio eterno.
Hoje, para a Ciência, pouca dúvida resta de que o Universo nasceu
por causa de um palavrão.
2.Depois disso o palavrão adormeceu
em sono profundo até que bilhões de anos depois nasceram Adão e Eva, à imagem e
semelhança de Deus A partir daí , como
se sabe, foi palavrão pra tudo quanto é lado até porque nenhum ser humano nasce sem que se
fale um palavrão (carinhoso, vá lá!) na hora do paroxismo sexual.
É fácil admitir, até se chegar à definição de Antônio Houaiss
de que um palavrão trata-se de uma palavra “obscena e grosseira”, que o palavrão obedeceu a um princípio
evolutivo paralelo ao do homem. Como não tinham a sonoridade de hoje, é óbvio
que os palavrões emitidos por nossos ancestrais com cara e jeito de macacos
eram berros e grunhidos, tanto mais ofensivos quanto mais elevados eram.
Sim, porque a humanidade jamais
prescindiu de um bom palavrão. Como hoje
demonstra a ciência, um palavrão é libertador. Embora isso possa até ser tido
como uma blasfêmia ou exagero, a verdade é que falar palavrão faz um puta de um bem pra caralho porque os palavrões
estão na parte animalesca e mais primitiva de nosso cérebro. Quando os soltamos
revelamos aquilo que é da nossa natureza animal.
3. Houve tempo em que os piores impropérios eram de outras
categorias. Como a religião tinha um papel mais destacado no cotidiano das
pessoas especialmente durante a Idade Média 476 a 1456 d.c não havia nada pior
que desejar que seu interlocutor fosse para o inferno ou coisas afins. Com o
passar do tempo isso foi mudando e a secularização fez com que esse tipo de
injúria se tornasse menos ofensivo. Se hoje poucas pessoas acreditam em Deus
quanto mais no inferno! Então mandar conhecer o tinhoso, o capeta, Lúcifer,
sete-pele, cão, canhoto, satanás, perdeu o impacto.
Recente reunião ministerial, em
gravação que se tornou pública, mostra o quanto o palavrão chegou às altas
esferas. Em pouco mais de duas horas o presidente Bolsonaro emitiu uma preciosa
coleção: 8 porras, 7 bostas, 5 merdas, 4 putarias, 2 foder, 2 puta que o pariu,
2 filhos da puta e 1 cacete.
Hoje o grande receio da ciência é justamente esse: o
palavrão virar palavrinha e tolher o homem de sua mais preciosa válvula de escape conhecida. Nos pavorosos tempos
atuais procura-se por um palavrão forte, impactante, imponente e abrangente para xingar o Covid 19, a OMS, a
falta de vacinas etc. e não se encontra!
Conclusão: A falta de um bom palavrão é pior que uma pandemia!
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