segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

A VERDADE SOBRE O TEMPO

O TEMPO  

José Ewerton Neto

 

Ninguém sabe quando o tempo começou, se é que começou. É sempre bom lembrar que o tempo nunca foi um sujeito digamos assim, identificável. Tem muita gente sábia, inclusive, que acha até que ele nunca existiu. Ora, que ele não existirá um dia,  isso não resta a menor dúvida, mas quanto à sua existência no passado e presente....

            Tenho a impressão de que Albert Einstein, num momento mais de sutileza do que de sabedoria,  criou  a tal de Teoria da Relatividade para resolver essa questão. Ao dizer que o tempo é relativo, ficando em cima do muro, selou definitivamente a sina do tempo como  elemento improvável, sem revelar que este nunca passou de  uma invenção humana. Relativo, ora bolas! Que você, leitor,  diria a um teste de paternidade que lhe confirmasse que o filho era seu, mas que isso era relativo?

 

            2.Durante milhões de anos pairou sobre nós  a desconfiança de que preocupar-se com o  tempo era coisa de quem não tinha o que fazer,  porque ninguém ligava muito pra ele. Vivia-se, ou melhor,  sobrevivia-se,  e isso era mais importante que o tempo. As preocupações com este só começaram pra valer depois da revolução industrial quando chegaram as locomotivas.  A partir daí, sim, porque era preciso saber a que horas um trem ia chegar e partir. Foi então  que os homens  adotaram o relógio, sem desconfiar de que estavam entrando na maior fria de sua história.

            3. Algumas dezenas de anos se passaram, o suficiente para comprovar aquilo que, hoje,   preferimos não atinar. Oprimidos, neuróticos, controlados por uma caixinha presa em volta do braço os homens é que se tornaram escravos de sua criação. Como marginais vigiados por uma tornozeleira,   somos também  prisioneiros do tempo a nos determinar   o que devemos fazer hoje, amanhã e sempre.

Como reação, só nos resta  xingar o dito cujo,  convictos de que, assim, estamos nos vingando dele  . “Que tempo vagabundo! Por que passa tão depressa?”                                                       

            Execramos o tempo mas esquecemos de acusar a máquina que  inventamos. Lá com seus botões o Tempo, se pudesse falar responderia: “Parem de me xingar, bobalhões. Livrem-se dos seus relógios. Suas vidas valem  muito mais que eles.” 

 

artigo publicado no portal imirante.com 


 

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