quinta-feira, 1 de julho de 2010

SÓ ACONTECE EM SÃO LUIS

SÓ ACONTECE EM SÃO LUIS, artigo publicado
em O Estado do Maranhão, sábado passado,
seção Hoje é dia de...
José Ewerton Neto, membro da AML

ewerton.neto@hotmail.com





Outro dia recebi pela Internet uma “lista” de coisas que só acontecem em São Luis. A lista, bem-humorada, está repleta das aparentes contradições de nossa cidade, apelando para trocadilhos, alguns sutis outros nem tanto. Só em São Luis, segundo a lista, é possível ser preso na Liberdade, passar aperto na Rua Grande, morrer no Reviver, urinar no beco da Bosta, ser um João NInguém no João de Deus, torcer para o Vasco na vila Flamengo, ser ateu na Fé em Deus, ir de ônibus para a Coréia, chupar laranja na rua das Cajazeiras, ter um inferninho no residencial Paraíso, criar codorna no parque dos Sabiás, achar um português na Avenida dos Franceses, levar um tiro na Rua da Paz, etc.etc.
Se pensarmos mais um pouco sobre o tema há de nos surpreender que - sem trocadilhos e passando da ficção para a realidade – é fácil constatar que existe muito mais contradição na vida de nossa bela cidade:

1. Seus motoristas adoram circular com carros maiores que as ruas. Quem por mais de uma vez não se surpreendeu com a peripécia de um cidadão dirigindo um carro quase do tamanho de um ônibus, querendo, à força, trafegar e estacionar nas ruas do centro da cidade? Estranho, não é? As ruas mal dão para passar um carro pequeno e o sujeito ainda quer estacionar comodamente. Coitado dele e de todos nós, que, sem outra alternativa, somos forçados a esperar horas e horas, pela batalha de um possível paranóico, labutando em vão contra as impossibilidades que só ele não vê!
E, por outra, quantas horas por dia são perdidas, em frente aos colégios, apenas porque as madames, com preguiça de andar dez metros, decidem ocupar com os carrões-fila-dupla dos maridos, espaços que dariam para passar dois carros? Se, segundo as más línguas, tanto sacrifício ( para si e para os outros ) é apenas para mostrar que têm dinheiro, por que não compram um carro menor para usufruir de mais comodidade e deixam o carro grande para as avenidas e estradas? Ou será que a família gastou todas as suas economias na compra do carrão e nada sobrou para adquirir um pequeno e pragmático veículo? É questão de falta de dinheiro ou de inteligência?

2. Suas ruas têm mais barreiras eletrônicas quanto mais buracos. A regra parece ser a seguinte: quanto mais proliferam os buracos nas ruas, mais barreiras eletrônicas são implantadas. Dá para acreditar? Ora, se os buracos já impedem que os carros andem com velocidade normal para que servem as barreiras eletrônicas? Não seria melhor empregar oficialmente os buracos com essa finalidade já que, nesse caso, não é preciso pagar pela implantação do serviço?
Ah, sim, ia esquecendo. Buracos obrigam a diminuir a velocidade, mas não geram multa!

3. Possui o titulo de Atenas Brasileira mas não se vêem livrarias e - menos ainda – livros de autores maranhenses.
O que a cidade e seus cidadãos tem contra as livrarias? Por que são tão poucas? E por que nunca exibem em suas prateleiras livros de autores maranhenses? Alguém poderia pensar que isso se dê porque eles escrevam mal, mas não é esse o caso a julgar pelos prêmios literários que ganham fora do estado e pelas suas obras, adotadas por entidades culturais de grandes capitais do Sul do país.
Recentemente, um autor maranhense queixou-se de que não conseguiu colocar seu livro nas redes Big-Ben. Vai ver que os livreiros dessa rede, ou das livrarias dos shoppings, entendem que livros são feitos para enfeite e autores maranhenses para serem lidos por cupins. E que o melhor título para a cidade de São Luis não é o de Atenas Brasileira – do passado - nem o de Jamaica Brasileira (para a qual foi “promovida”) mas o de Apenas Brasileira, trocadilho infame para o qual parece irremediavelmente destinada.

Um comentário:

  1. parabéns pelo artigo.
    essas são as nossas contradições tipicamente maranhenses

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