artigo publicado hoje, sábado, na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal O estado do Maranhão
Próximo ao Dia dos Namorados e, principalmente, no entorno do dia
1.
O namorado ideal nos dias de hoje nem precisa
ter ideal, porque assim seria querer exigir demais do rapaz (como eles se
consideram desde que tenham menos de cinqüenta anos)
Precisa ter cabeça,
tronco e membros, como todo ser humano, mas cuja prioridade não seja necessariamente
nessa ordem. (Vá lá que, por causa dessa maldita cabeça, o sujeito pense: isso
dará uma dor de cabeça danada para uma eventual parceira). É fácil chegar a
essa conclusão: se pensar o sujeito poderá gostar de ler, se gostar de ler,
gostará de refletir, se gostar de
refletir chegará a vez de questionar e assim por diante. O que, possivelmente,
impedirá que a parceira se dedique às atividades que mais gosta na vida: ver novela
de tevê, torcer para o BBBrasil, ver
show de forró, ir para shopping bater pernas ou postar asneiras no facebook,
etc. Já pensou que tragédia? Enfim, um namorado que tenha cabeça,
definitivamente, não faz a cabeça delas.
Quanto a tronco e
membros, a coisa soa um pouquinho
diferente. O membro pode até não estar na medida certa (cada uma tem o seu
tamanho ideal) mas tem o dever de funcionar, pelo menos uma vez por semana,
para poder ser capaz de lhe gerar um bebê. Isso é muito importante para a
mulher atual. Ela precisa de um pequenino ser saído de suas entranhas para poder
exibir para as amigas como se fosse um boneco ou um ursinho de pelúcia especial
que fala, e, principalmente, para que os avós possam cuidar deles. Quanto ao tronco do sujeito, que tal ser avantajado
como o de um orangotango? Isso adianta para nada na vida real mas dá um certo
Ibope quando é preciso empurrar os
outros para garantir um lugar na fila do show de forró, ou quando for preciso intimidar
o flanelinha que insiste em cobrar dez.
Afora isso... Pensando
bem, para felicidade geral da Nação Namorados não existem grandes exigências, hoje,
para um companheiro ideal. Não precisa ser romântico, apaixonado, dedicado,
sequer cavalheiro – que diabo é isso? - , muito menos fiel. “A fidelidade é tão
cansativa quanto chata”, garante a maioria delas. O grande inconveniente dessa característica,
outrora tão decantada por elas mesmas, é que a recíproca teria que ser
verdadeira. Ora, existe coisa mais aterrorizante do que um namorado que fique
pegando no pé da parceira, exigindo que ela seja só sua?
Sequer precisa ser
elegante. Elegância para quê? Um sujeito pode ter mal-hálito, roncar, suar,
bufar, rosnar pornografias, berrar mais alto que a parafernália de som do
próprio carro, que isso é irrelevante para uma namorada moderna. A elegância de
um homem, como todas sabem, não está na
mente e na postura do sujeito, mas um pouco mais distante: no bolso, no carro, ou
onde esses dois se encontram, que é na conta bancária do dito cujo. Afinal de
contas, o dinheiro compra tudo até amor verdadeiro, como dizia Nelson Rodrigues
ou na pior das hipóteses, crédito de celular para colocar as mensagens de amor
de mentirinha, que elas precisam enviar para fingir que amam.
Dito isso, fiquem
tranqüilas nesse dia, garotas! Se você já tem um, por pior que este lhe pareça,
fique certa de que já está perto de um namorado ideal. E se você não tem, que
tal desistir da idéia, a tempo, ou, se
fizer muita questão, investir no primeiro calhorda que aparecer? Afinal de
contas, como respondeu a atriz norte-americana, quando indagada porque
nunca quis se casar: “ Porque tenho três animais em minha casa que fazem
tudo o que um homem poderia fazer e muito melhor: Um papagaio que só fala
palavrão, um cão que vive rosnando, e um gato que só chega em casa de
madrugada.”
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