artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado
Impressionante como a humanidade não dá a algumas de suas
valiosas descobertas o valor que elas merecem. Um grande exemplo, é a calcinha.
Os homens, nelas enxergam apenas o que elas sugerem, enquanto as mulheres, as
veem, na maioria das vezes, apenas como
mais um adorno. Ah, se lembrassem do
tanto que tiveram de penar para chegar a elas!:
1.A
pré-história. No começo, a calcinha não foi pensada com as finalidades de
estética e sedução. Sua pré-história é imprecisa, para se chegar ao ponto de
partida é preciso recorrer a limitadas informações históricas. O registro mais
remoto que existe é um baixo-relevo sumeriano exposto no Museu do Louvre com a
representação de duas mulheres, uma das quais
usava uma espécie de tanga a lhe envolver os quadris, sendo tais peças
do ano 3 mil a.c. Outro registro , também do mesmo período, apareceu na Babilônia, cujo modelo era
parecido. Infelizmente, seu sucesso ficou restrito aos olhares locais, cujos
homens devem ter se ‘babado’ tanto com o
espetáculo que passaram a se chamar
baba!-lônios. (deve ter sido essa a verdadeira origem do nome, não?)
Algumas
centenas de anos depois , 1700 a 1400 acc. já eram as mulheres da ilha de Creta que se
preocupavam em usar pedaços de tecido para realçar suas formas. Mas as ‘calcinhas’
não tinham tanto a função de excitar os homens,
como acontecia com a parte superior. As cretenses deixavam o busto nu
valorizado pela blusa aberta no vestido comprido e com mangas o que ajudava
a erguê-los numa espécie de modelo
precursor do espartilho. Alguma gostosona do funk de hoje sabe o que é um
espartilho? Tudo bem, eu também não sei, mas não vá confundir jamais o ‘espartilho
inventado pelas cretenses’, com qualquer alusão à luxúria ‘inventada por
espertalhonas cretinas’.
A partir
daí, a Copa do Mundo para chegar à calcinha desenvolveu-se, nos quatro cantos
do mundo resumidamente assim:
As Egípcias,
só cobriam os seios, embora suas túnicas fossem bastante justas e o colo fosse
enaltecido por um vistoso colar. Para as gregas e romanas, a região genital
também preocupava menos que as mamas. As popozudas da época usavam túnicas que embora deixassem
os seios a descoberto permitiam que suas formas fossem denotadas no meio de
pregas e drapeados, em tecidos transparentes. Na China e Japão não existem
registros detalhados sobre o que acontecia por baixo dos grossos quimonos (o
que explica, em parte, os olhos
apertados e perscrutadores dos japonas
pelo esforço que deviam fazer
para tentar descobrir).
Já as mulheres
de Atenas, estas pareciam, pelo menos, mais asseadas, Elas tomavam banho nas
fontes da cidade e depois cobriam o púbis com um triângulo de tecido, preso por
fios amarrados nos quadris. Foi daí que surgiu, a inspiração de Chico Buarque
que, sempre higiênico, resolveu lhes dar uma força, um tanto tardiamente, ao compor os versos: “Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de
Atenas”.
Tanto
esforço evolutivo fez com que se chegasse por volta do ano 40 acc., em Roma, aos primeiros registros
do que pudesse ser um modelo de calcinha. As mulheres gostavam de usar pedaços
de pano em algodão, linho ou lã que eram amarrados ao corpo, como fraldas.
Faixas de tecido também eram amarrados na altura dos seios, constituindo os
primeiros antecessores do sutiã que eram chamados de strophium ou mamilare ( ou
atrofia- mamilos, como queiram).
Toda essa
inventividade, porém, acabou sendo em
vão porque esquecidos por séculos, acabaram sendo condenados pela inquisição medieval.
Por mais de mil anos a intimidade da mulher foi tratada como um tabu, mantida
isolada do próprio marido e sujeita a constrangimentos e reclusões forçadas em
períodos de menstruação. As camisolas longas, de manga comprida e tecido
grosso, tinham a intenção de esconder ao máximo o corpo feminino. Do início da
idade média até o século XII com o avanço do cristianismo pela Europa, as
roupas ganharam mais panos. Ou seja, os
homens faziam as leis, se matavam, viajavam, queimavam mulheres adúlteras como
se fossem bruxas, saqueavam e, quando
queriam se distrair, trepavam;
esquecidos de, ao menos, um breve olhar
de atenção para o conforto do órgão feminino que lhes dava tanto prazer. Pelo contrário, em troca do orgasmo atingido
só sabiam era lhes enfiar panos e mais panos. Essa profusão de panos, inventada pelos
doutores da igreja para “tapar as portas do inferno” acabou se tornando um inferno real para elas até se chegar ao
calção.
Mas aí já é outra história. Por
falta de espaço nesta crônica, não percam o próximo episódio sábado que vem: do
calção à calcinha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário