sábado, 3 de maio de 2014

CALCINHAS PARA DAR VENDER E SABER






artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado


Impressionante como a humanidade não dá a algumas de suas valiosas descobertas o valor que elas merecem. Um grande exemplo, é a calcinha. Os homens, nelas enxergam apenas o que elas sugerem, enquanto as mulheres, as veem, na maioria das vezes,  apenas como mais um adorno. Ah, se lembrassem  do tanto que tiveram de penar para chegar a elas!:

            1.A pré-história. No começo, a calcinha não foi pensada com as finalidades de estética e sedução. Sua pré-história é imprecisa, para se chegar ao ponto de partida é preciso recorrer a limitadas informações históricas. O registro mais remoto que existe é um baixo-relevo sumeriano exposto no Museu do Louvre com a representação de duas mulheres, uma das quais  usava uma espécie de tanga a lhe envolver os quadris, sendo tais peças do ano 3 mil a.c. Outro registro , também do mesmo período,  apareceu na Babilônia, cujo modelo era parecido. Infelizmente, seu sucesso ficou restrito aos olhares locais, cujos homens devem ter se ‘babado’  tanto com o espetáculo  que passaram a se chamar baba!-lônios. (deve ter sido essa a verdadeira origem do nome, não?)



                                                       




            Algumas centenas  de anos depois , 1700 a 1400 acc.  já eram as mulheres da ilha de Creta que se preocupavam em usar pedaços de tecido para realçar suas formas. Mas as ‘calcinhas’ não tinham tanto a função de excitar os homens,  como acontecia com a parte superior. As cretenses deixavam o busto nu valorizado pela blusa aberta no vestido comprido e com mangas o que ajudava a  erguê-los numa espécie de modelo precursor do espartilho. Alguma gostosona do funk de hoje sabe o que é um espartilho? Tudo bem, eu também não sei, mas não vá confundir jamais o ‘espartilho inventado pelas cretenses’, com qualquer alusão à luxúria ‘inventada por espertalhonas cretinas’.
            A partir daí,  a Copa do Mundo para chegar  à calcinha desenvolveu-se, nos quatro cantos do mundo resumidamente  assim:
            As Egípcias, só cobriam os seios, embora suas túnicas fossem bastante justas e o colo fosse enaltecido por um vistoso colar. Para as gregas e romanas, a região genital também preocupava menos que as mamas. As popozudas  da época usavam túnicas que embora deixassem os seios a descoberto permitiam que suas formas fossem denotadas no meio de pregas e drapeados, em tecidos transparentes. Na China e Japão não existem registros detalhados sobre o que acontecia por baixo dos grossos quimonos (o que explica, em parte,   os olhos apertados e perscrutadores dos japonas  pelo  esforço que deviam fazer para tentar descobrir).  



                                                    
                                                          




Já as mulheres de Atenas, estas pareciam, pelo menos, mais asseadas, Elas tomavam banho nas fontes da cidade e depois cobriam o púbis com um triângulo de tecido, preso por fios amarrados nos quadris. Foi daí que surgiu, a inspiração de Chico Buarque que, sempre higiênico, resolveu lhes dar uma força, um tanto tardiamente,  ao compor os versos:  “Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas”.
            Tanto esforço evolutivo fez com que se chegasse por volta do  ano 40 acc., em Roma, aos primeiros registros do que pudesse ser um modelo de calcinha. As mulheres gostavam de usar pedaços de pano em algodão, linho ou lã que eram amarrados ao corpo, como fraldas. Faixas de tecido também eram amarrados na altura dos seios, constituindo os primeiros antecessores do sutiã que eram chamados de strophium ou mamilare ( ou atrofia- mamilos, como queiram).




                                                        





            Toda essa inventividade, porém,  acabou sendo em vão porque  esquecidos por séculos, acabaram  sendo condenados pela inquisição medieval. Por mais de mil anos a intimidade da mulher foi tratada como um tabu, mantida isolada do próprio marido e sujeita a constrangimentos e reclusões forçadas em períodos de menstruação. As camisolas longas, de manga comprida e tecido grosso, tinham a intenção de esconder ao máximo o corpo feminino. Do início da idade média até o século XII com o avanço do cristianismo pela Europa, as roupas ganharam mais panos. Ou seja,  os homens faziam as leis, se matavam, viajavam, queimavam mulheres adúlteras como se fossem bruxas,  saqueavam e, quando queriam se distrair,  trepavam; esquecidos de, ao menos,  um breve olhar de atenção para o conforto do órgão feminino que lhes dava tanto prazer.  Pelo contrário, em troca do orgasmo atingido só sabiam era lhes enfiar panos e mais panos.  Essa profusão de panos, inventada pelos doutores da igreja para “tapar as portas do inferno”  acabou se tornando  um inferno real para elas até se chegar ao calção.



                                                           





            Mas aí já é outra história. Por falta de espaço nesta crônica, não percam o próximo episódio sábado que vem: do calção à calcinha.
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com

                                                           http://www.joseewertonneto.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário