Artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal o Estado do Maranhão, hoje, sábado
2014: DISCURSO DE DESPEDIDA
“Não serei hipócrita a ponto de dizer que foi
legal. Não direi como os políticos que fiz o melhor que pude, nem como a
presidenta, que nada vi, nem como Felipão que era assim que tinha que ser. Direi
simplesmente que se o ano não foi melhor a culpa não foi minha.
Sei que irão
me amaldiçoar como um dos piores anos, afinal de contas, perder de sete a um,
dentro de casa, em tempo de Copa do Mundo, é um ultraje e uma vergonha. Respondam-me, porém: que culpa tive eu se o
técnico que vocês escolheram, e idolatraram, é uma besta? (Todo arrogante é uma besta,
certo?) Sim, mas, que culpa tem esse besta, se sempre encontrará ingênuos para o
idolatrarem, como os gaúchos que o chamaram, de novo, para técnico? Ora, os grandes
bestas de sempre são aqueles que escolhem seus próprios vilões, como vocês, quando
votam.
Que queriam
que eu fizesse, por exemplo, ao fim do meu mandato para impedir que os deputados
aumentassem seus próprios salários, como se já não bastasse os mensalões a que
se dão o direito? Que eu poderia fazer para evitar isso? Mais fácil admitir que
os prejudicados o fizessem, mas, onde as manifestações de rua, onde os
revoltados, nas ruas, reclamando? Claro, manifestações indignadas nesse país só
acontecem quando existe mídia por perto.
Quem vai se manifestar no fim do ano?
Assim é o vosso espírito: primeiro os comes e bebes, as festas, e só quando a falsa alegria passar é que vem a indignação. E eu é que levo a culpa de
ter sido um ano ruim.
Despeço-me pedindo
que não esperem do ano que chega que
faça milagres, leiam mais, aprendam mais, trabalhem mais, e se isso lhes satisfaz
ponham mais uma vez nas nossas costas toda cuipa pelo que de ruim aconteceu.”
2015: DISCURSO DE POSSE
“Não começo o
meu discurso e minha jornada como os
políticos fazem, colocando na conta do que se foi, 2014 as
agruras pelas quais passaremos. Meu
compromisso é com a verdade: o ano será difícil, muito difícil, botem as barbas
de molho, aliás, não só as barbas como
seus mais míseros pentelhos: a coisa não vai ser fácil. Vai subir preço de
água, luz, cerveja, viagra e feijão. Anuncio também que já chegarei com Dengue,
Dunga e Chikungunya. Querem pragas maiores que essas? Alguém de vocês já se
preocupou em saber, ao menos, o que significa Chinkungunya?
Claro, por
enquanto estão mais preocupados em se divertir, encher a cara e a barriga. Eu
os pouparia dessas saudações ridículas e de foguetes na minha chegada. Melhor fariam
se estivessem se prevenindo para as enchentes quando eu mandar as chuvas e para
a seca, quando eu mandar o sol. Previno-os que se acautelem para não serem
surpreendidos, mas não por mim. Serei o mesmo tempo de sempre: com verão,
inverno, outono e primavera, o mesmo céu, as mesmas nuvens, e as mesmas
trovoadas, caminhando do mesmo jeito. Mas se acautelem, sobretudo, de si mesmos, muito mais que no ano passado:
previnam-se das doenças, das duplas sertanejas, do BBBrasil, dos mensalões, dos motoqueiros, do imposto de
renda, dos bilhetes da mega-sena, dos médicos cubanos, das mensagens de fim de
ano etc.
Finalizando,
já que falei das pragas, que aprendam agora, pelo menos, o que significa CHICUNGUNYA.
Chico o quê? (Não, nada a ver com Chico Buarque, embora depois que tenha
começado a escrever também tenha virado uma praga). O Chikugunya, como diz o
caboclo, tem mais cara é de Xiiiii!...Que agonia! Perdoem-me o trocadilho infame
do caboclo, mas não quero chegar ao final do ano conhecido como o ano do Xiii!...
Que agonia! Façam por onde, por favor!”
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