sábado, 30 de maio de 2015

PEQUENO DICIONÁRIO DA GRANDE VIOLÊNCIA





artigo publicado na seção Hoje é dia de...
Caderno Alternativo, jornal O Estado do Maranhão, hoje, sábado

Violência, violência, violência!  O elementar direito à vida, de todo cidadão, está sucumbindo diante do quotidiano de sombras, ou da banalidade do mal, como queira. Mas, o que fazem as autoridades? Onde estão a ‘presidenta’ da república e seus ministros  que não se socorrem do aparato militar que toda nação deve possuir, para planejar uma reação a esse estado de coisas?  

                                                         


Será que precisam de um pequeno dicionário para ensinar-lhes que o significado  da violência não é mais o mesmo?


            1.CADEIA. Lugar que foi concebido para manter a sociedade protegida de assassinos e meliantes, mas que parece ter evoluído no Brasil  para se tornar uma espécie de escola, que garante aprendizado suficiente para aprimorar a grande vocação dos bandidos, que é a matança de inocentes.

            2.LEIS.Conjunto de normas que no Brasil zelam pelo direito de facínoras, preferencialmente aos direitos das pessoas honestas.. Seu fundamento básico consiste no irrestrito apoio ao marginal em qualquer circunstância proporcionando: afrouxamento da vigilância; abrandamento das penas, doação de regalias, enfim todo um arcabouço de regras que se escora numa espécie de postulado, assim enunciado: “Por mais nocivo que seja um marginal, no Brasil  vale sempre mais que sua vítima”. Ou, por outra: “Um marginal vivo goza da solidariedade da justiça e da sociedade, mais que o melhor dos mortos assassinados por ele”.

            3.CONDENAÇÃO. Menor que zero para grandes ladrões de terno e gravata (tipo mensaleiros e autores do petrolão). Para os demais criminosos comuns: dura até o próximo túnel se for prisioneiro de Pedrinhas; até o próximo sábado se for traficante; até o próximo feriado se for assassino; até o próximo passeio em casa, se for estuprador.



                                                       




            4.FUGA (DA PRISÃO). Antigamente acontecia em casos raríssimos,  sempre envolta em espetacularidade. Hoje o termo caminha para o desuso  porque,  a rigor,  não existe mais fuga, mas sim passeios e férias consentidas na maioria dos feriados. Após passearem livremente, divertindo-se pelas ruas da cidade com o seu passatempo preferido que é o de ceifarem a vida de inocentes, a escolha é livre: só voltam para a cadeia se estiverem enjoados da vida comum. Afinal de contas, nesta, precisam trabalhar.

            5.PENA. Palavra que introduz no linguajar criminal um extraordinário paradoxo expresso pela sentença: QUANTO MAIS PENA MENOS PENA. Explica-se: Quando mais pena (no sentido de condolência) manifesta a sociedade e suas leis por bandidos e marginais (caso do Brasil) , menores serão suas penas (no sentido de condenação). Enfim, o Brasil é o único país do mundo em que as condenações são  tão irrisórias que dá ate pena das penas.

            6.COMPAIXÃO. Ato de sentir e mostrar solidariedade a outro, mas que no nosso país se disponibiliza, preferencialmente, para marginais, ao invés dos familiares de suas vítimas. Ato exemplar dessa compaixão discriminatória a favor de marginais é a ação movida pelo MP de Mato Grosso pleiteando indenização do Estado, para presos, devido às  péssimas condições carcerárias, a ser julgada pelo STF. É a lei da relativização do pensamento aplicada à desfaçatez. “Para marginais, tudo. Para as vítimas de suas crueldades, nada!”                                        



            7.MAIORIDADE PENAL. Discussão em moda na sociedade, na qual a grande maioria se preocupa em discutir a idade do indivíduo  e não o grau de degeneração de sua patologia ou seu instinto cruel e assassino. Esquecem  de que monstro é monstro, tenha 10,11,12,13,14,15, 16 anos ...até 120. Assim se manifestam presidenta, políticos do PT e grupos religiosos, cultores públicos da hipocrisia, como moeda de captação da simpatia. Em nome disso distorcem conceitos religiosos e praticam ação similar à dos corruptos.  Enquanto estes dão esmola com o dinheiro que usurparam, os defensores da continuação da atual maioridade penal não se pejam em conceder esmolas de perdão,  às   custas da dor alheia.

            8.LIBERDADE. Conceito de abrangência filosófica fundamental para o bem-estar humano, mas que no Brasil de hoje comprimiu-se para se tornar uma  copia sombria do direito de ir e vir de marginais.
            Cada bandido brasileiro (se for de Pedrinhas, mais  ainda) tem o direito de sair da cadeia à hora que bem lhe convier seja furando túnel, derrubando muro, corrompendo diretores de prisão, pegando carona em sequestro etc. etc.

                                               



            Por sua vez, essa mesma  liberdade não se aplica ao cidadão honesto comum que cada dia mais se vê privado de liberdades que antigamente possuía, tais como: atender a um celular no centro da cidade; trocar um pneu num borracheiro depois das dez horas da noite; trocar cheque em banco; passar um fim de semana em Panaquatira, etc. etc.
            Nunca foi tão atual o libelo dos mineiros na bandeira da inconfidência, Libertas quae sera tamen. (liberdade, ainda que tardia!).
                                                                                  ewerton.neto@hotmail.com
                                                           http://www.joseewertonneto.blogspot.com


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