O começo da
história do Nada é coisa difícil para a Ciência resolver, e até mesmo Deus não
resolve bem esta parada.
O que se pode dizer é que a infância,
e a juventude do Nada, deve ter sido
absolutamente tranquila e em paz já que
nada acontecia. Isso deve ter durado uma eternidade e, só por isso, estamos
insinuando que o Nada já tivesse atingido a velhice quando surgiu o Tudo.
Somente quando o Tudo chegou, por
volta de 13,5 bilhões de anos atrás, é que se movimentaram matéria, energia,
céu, inferno, corpo, pensamento, infinitos, explosões etc.etc. Deve ter havido pela
primeira vez um entendimento entre o Nada e o Tudo, do tipo “Agora é sua vez”,
dito pelo Nada, naturalmente.
O que se suspeita é que um supremo
Juiz, no caso Deus, haja decidido essa
contenda pela convivência alternada
entre ambos, para felicidade nossa já que nascemos depois por causa disso. Até mesmo porque o Nada obstaculizava o
próprio Deus Onipotente. Sem a presença de Tudo, Deus não poderia existir o que constituía um
paradoxo que nem Deus , com toda a sua infinita bondade, poderia aguentar.
2.E foi então que o Tudo começou a
tomar conta de Tudo. O Todo Universal continua se expandindo, mesmo depois de 13,5
bilhões de anos, Inclusive na cabeça de
um minúsculo ser chamado homem lá pras bandas de um insignificante planeta pras
bandas de uma minúscula galáxia chamada Via Láctea. Num Universo em que tudo se
expande (menos o nosso salário) nossos ancestrais, por exemplo, tinham um cérebro muito menor.
Por que razão esse ser foi o único
escolhido para pensar em todo este mundo ninguém sabe explicar, mas pode-se conjecturar que talvez
tenha sido essa uma das condições impostas pelo Nada para permitir que o Tudo surgisse
através daquele minúsculo e invisível ponto, origem do big-bang, que só ele, o
Nada, sabia onde se encontrava.
É como se o Nada impusesse, para dar
lugar ao Tudo, uma obrigação contratual:
“Tudo bem, eu deixo o Tudo surgir mas o único ser que vai poder pensar terá de
ser um... quase Nada”.
3. Dito e feito. O certo é que esse insignificante
animal quase nada, dotado de pensamento e empolgado com tudo o que vê, entendeu
de querer ser tudo e poder tudo sem jamais se lembrar do nada que foi e que será
depois de um tantinho de anos.
Recente reportagem da revista
Superinteressante mostra que nosso corpo é constituído mais de nada que outra
coisa e, mais precisamente, 99,9999999999
% do volume do nosso corpo é constituído de vazio puro, oco, portanto. (Para
entender melhor basta lembrar que se o núcleo de um átomo tivesse o volume de
um cabeça de alfinete o átomo seria do
tamanho do estádio do Maracanã, sendo nosso corpo constituído de um mar de
Maracanãs desertos, cada um com uma cabeça de alfinete no centro).
A mesma reportagem insinua que o
Todo Universal em sua maior parte é constituído de Nadas doidos para
aparecer “Talvez o nada seja algo
intrinsecamente instável , que tenda sempre a se transformar em alguma coisa e
em antialguma coisa”.
O que induz a pensar que o Tudo e o Nada, ao fim, talvez sejam a mesma coisa e que o poeta estava certo: “Nada do que
foi será de novo do jeito que já foi um dia”. Inclusive o Nada.
José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas
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