O projeto de lei da deputada Elisângela
Moura ( PC do B) que institui a galinha
da raça “Canela-Preta” como patrimônio histórico, cultural e genético do Piauí foi aprovado há poucos dias na Assembleia Legislativa desse Estado.
O projeto suscitou controvérsias nas
redes sociais com diferentes posicionamentos a respeito de sua necessidade, mormente em tempos tão
conturbados. Curiosamente ninguém foi ouvir a opinião do personagem principal:
ela, a própria galinha. Nossa equipe de reportagem conseguiu esse ‘furo’
suprimindo essa lacuna. .
Repórter - Antes de tudo parabéns, Dona Galinha Canela-Preta! Como a
senhora está se sentindo?
Galinha - Como assim?
Repórter – Em breve a senhora e suas parceiras serão reconhecidas como
Patrimônio Histórico Cultural e Genético do Piauí.
Galinha – Ninguém me disse, mas se for verdade, isso me faz sentir como uma galinha humana. Humana,
demasiadamente humana, como disse alguém.
Repórter – Galinha humana? Nietzche?
Confesso que me confundo. Desculpe, a senhora poderia esclarecer melhor?
Galinha – E precisa? Vocês
humanos não apelidam de galinha a mulher
que dá pra tudo e pra todos, e que depois de comida vocês maltratam e
desprezam? Pois é justamente assim que estamos nos sentindo agora.
Repórter – Calma, dona Galinha! Não
era bem isso o que esperávamos.
Galinha – E o que você esperava? Que fôssemos sair cacarejando pra lá e
pra cá por causa disso? Pra que nos serve homenagens como essa?
Repórter – Puxa vida, não interprete assim, Dona Galinha. Pense que a
deputada apenas quis prestar uma
distinção à espécie de galinácea que distinguiu
vocês , tão saborosa!
Galinha – Poupe o “saborosa”
senhor! Essa deputada nunca quis homenagear galinha alguma, mas sim o próprio
bucho. No dia em que esse decreto for aprovado sabemos que será a primeira a
comemorar comendo justamente uma galinha.
Repórter – Quanta amargura, Dona Galinha!
Galinha – Quisera eu que realmente tivéssemos um gosto amargo para que todos
vocês nunca mais nos engolissem. .Ou o senhor acha que é bom acordar todo dia
esperando apenas a hora de ser guilhotinada?. Nossa vida se resume a isso.
Repórter – É doloroso e constrangedor, mas Juro que não havia lembrado, disso
dona Galinha os humanos se esquecem
eternamente do sofrimento de vocês. Sei que é desagradável, mas não posso me
furtar a mais uma pergunta que já estava programada. Não me leve a mal, mas
como a senhora prefere ser servida?
Galinha – Viva.
Repórter – Por fim, a senhora gostaria de fazer um último pedido?
Galinha – Que as galinhas de verdade como a gente sejam, pelo menos um
dia, tratadas como os homens tratam as suas.
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