Artigo publicado hoje, quinta feira no jornal
O estado do Maranhão
O homem está para o macaco, assim como o cão está para o
lobo?
Certamente, diríamos, a partir de Darwin e sua teoria da evolução. Mas o
propósito desta é tratar da segunda parte, o que facilita, e muito, a questão do final feliz, já que a primeira
tudo indica que não vai acabar bem.
Pode, se
dizer, no entanto, que as mutações dos lobos até virem dar nos cachorros tiveram,
sim, um final feliz a julgar pelos alegria
sincera e benfazeja exibida pelo focinho de nossos poodles, yorkshires e buldogues,
sentados calmamente em nossos sofás, ou
desfilando nos colos das celebridades mais famosas e concorridas. Garanto que tem muito gorila por aí, nas
redes sociais, que daria uma evolução e
a eternidade e meia para chegar perto dos lábios e dos rostos graciosos de
Graziela Massafera e Angelina Jolie, em vão, coisa que garbosos cachorrinhos fazem
todo dia no Instagram, tendo o direito, além
disso , a viver e comer de graça às custas de suas graciosas donas.
Claro que, à
vista disso, leões e tigres, jacarés e búfalos, enfim a fauna toda, hão de estar se roendo de inveja , mas nem
sempre foi assim . Há que se creditar o sucesso dos lobos a esse jeito especial
que eles tiveram de cativar animais menos confiáveis, como os humanos, com
muita paciência. Sim, porque para serem vitoriosamente adotados os adorados
cachorrinhos só precisaram de tempo, certa ingenuidade dissimulada, e muita,
muita paciência.
Tudo começou
na era glacial, uns 15 mil anos atrás, numa época em que a humanidade estava
dando início à vida nova quando, depois de vagar através de milênios atrás de vegetais e outros
animais para comer, resolveu se juntar em vilas e povoados, para plantar. Ora,
todo mundo sabe que quando se juntam homens, mulheres e comida (seja de que
espécie) o lixo sempre aparece. O que talvez ninguém esperasse era que junto a
formigas, ratos e baratas atrás das sobras, aparecessem também os lobos. Na
base do “nada como um lixo atrás do
outro”, os lobos foram adentrando no mundo dos homens, curando o seu vício antissocial
e desenvolvendo uma gloriosa empatia à custa , também, do tradicional toma lá
dá cá.
Sim porque
em troca do lixo de comida, que fazia a festa dos lobos, estes logo se
prestaram a latir para avisar os homens de seus inimigos. Nada mais vantajoso para
o homem pré-histórico que sair para a caça com um bicho que sabia perseguir
presas e que, ao invés de comê-las, trazia a carne de volta para a matilha, no
caso os homens. Quanto à mudança no formato físico, veio a acontecer que, por
obra e graça da adaptação ao ambiente humano, os lobos foram mudando de
aparência e ficando menores – afinal, quem precisa de corpo forte é quem tem de
matar e comer búfalos, quem precisa comer lixo disso não precisa. Quanto menor,
menos comida para sobreviver e o adão dos cachorros, que era catador de lixo,
mas acima de tudo, enganador, aproveitou-se da fraqueza humana de adorar
filhotes para gerar seus descendentes cada vez mais com jeitão de filhotes,
mesmo depois de adultos. E foi assim que em 15 mil anos os canis familiaris (cachorros
de hoje) se separaram definitivamente do
canis lupus, o lobo propriamente dito.
Quanto a porque
se tornaram os amigos mais fiéis dos homens isso nem precisa da ajuda de Darwin
para explicar já que a sabedoria popular sempre o fez muito melhor:
“Mais vale um cachorro amigo do que um
amigo cachorro!”
http://www.joseewertonneto.blogspot.com
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