Artigo publicado no jornal O Estado do Maranhão,
hoje, quinta-feira
Se você ainda não teve uma, caro leitor, em breve você será
convidado a se tornar hospedeiro de uma doença chamada de dengue, ou zika, ou chicungunya ou ...
Esta é a sua
grande certeza (talvez a única) que lhe garantem neste ano de dúvidas de 2016.
Quanto a saber qual delas lhe caberá, aí
é querer demais, não é? Dois diálogos abaixo, em circunstâncias tão extemporâneas quanto reais , explicitam melhor
esse estágio de sua triste sina, caro
leitor, expondo duas faces cruéis e tragicômicas dessa sua destinação de vítima,
como cidadão do Brasil e do Universo.
1.O DOENTE
EM CONSULTA
“O que é
mesmo que eu tenho, doutor?”
“Você acabou
de dizer. Febre, dor de cabeça, dor no corpo, coceira, inquietação e...”
“Acho que
disso eu já sabia. Queria saber era a origem da doença e o que devo fazer para ficar bom.”
“Bem, como
médico posso dizer com absoluta confiança e 99,5 % de certeza, primeiro de que você foi picado por um mosquito e segundo
que esse mosquito lhe causou ou Dengue, ou Zika, ou Chicungunya, ou ( taí o 0,5
% de incerteza ) uma H1N1.”
‘ “Mas...”
“Mas o quê?”
“O remédio
que você vai me receitar não deveria ter direção certa? A pontaria do mesmo não
deveria ser pelo menos igual a do mosquito que me ferrou? Como vou poder me aplicar
um remédio se o senhor não sabe
exatamente o que eu tenho?”
“Bem, se
você não se deu ao trabalho de identificar o mosquito que lhe vitimou: seu
endereço, C.P.F, motivação, carteira de
ferrador etc. a medicina não pode fazer nada. Vou lhe receitar um Tylenol, que
dá pra todo tipo de febre e você vai ter de esperar calmamente.”
“Calmamente?
E se as dores continuarem?”
“Não se preocupe.
Logo saberemos se estamos no melhor caminho.”
“De que
jeito? Não consigo entender.”
“Se você não
morrer até lá.”
2. REUNIÃO
NO CÉU. DEUS E SEU AGENTE PARA ASSUNTOS EXPEDITOS (São Expedito)
“Bom Deus,
sua onipotência não acha que já estaria na hora de exterminar de vez os
humanos? Milhões de anos se passaram e não tivemos muito progresso com essa
turma.”
“Humanos? Quem
são???!!Não me lembro deles.”
“Estou me
referindo aos humanos, também chamados terráqueos. Aqueles que vivem num
planetinha chamado Terra, ao redor de um sistema de quinta categoria que chamam
Solar e numa galáxia vagabunda de nome até bonito: a Via Látea.”
“Ah, sim,
agora me lembro. Aqueles que se consideram à minha imagem e semelhança e que
tantos e tantos anos depois que lhes pus no mundo não conseguiram exterminar
inimigos como mosquitos, centenas de vezes menores que eles. E que de tão
imundos não se livram do próprio lixo? Uma lástima!”
“E então?
Mando providenciar um asteroide para
acabar logo com eles? A verdade é que temos milhões de seres muito mais
inteligentes para nos preocupar em todo o Universo. Precisamos definitivamente resolver
esse nosso problema de termos de nos
lembrar de espécies que nem deveriam mais existir.”
“Não
precisa, não desperdicemos asteroides. Vamos deixa-los com seus lixos e mosquitos.
Logo serão exterminados por eles.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário