quinta-feira, 21 de novembro de 2013
O PISTOLEIRO
SESSÃO DA QUINTA E SEXTA ( POESIA)
(do livro Cidade Aritmética)
Uma rua suja
e cheia de buracos
multiplicava-se
( por quantas rugas)
nas faces daqueles homens
de corações mal-encarados
E havia um saloom
e um sol muito quente
De repente, ele surgiu:
Vestido de preto
Marcado de ira
Festejado de músculos
Ensopado de maldade
Feliz de altura
Gasto de sorrisos
Espremido de vida
Ensandecido de cabelos
Remendado de coragem
Roubado de medo
Montado num corcel branco
e relinchando pelo cano de sua pistola
de prata
Saboreando tantas vidas mortas
No fumo preto de seu charuto grosso
E, enquanto seu olhar de cobra
Feria o espaço e maltratava o infinito
O sol se escondia - covarde! -
Atrás de uma nuvenzinha qualquer
Seus olhos azuis
De azul nunca visto
No céu e na terra
Iam e vinham
( de onde? Pra onde?)
Recolhendo dos tons do entardecer
As parcelas
Para o ajuste de contas
Entrou no SALOOM
- Quero um copo de leite
- Leite? Ah, Ah, Ah...Vai ter de beber uísque
-Vai ter de beber uísque --Vai ter de beber uísque --Vai ter de beber uísque --Vai ter de beber uísque -
-Vai ter de beber uísque --Vai ter de beber uísque --Vai ter de beber uísque --Vai ter de beber uísque -
O fio que separa
A vida da morte
Encurtou, encurtou
Até ser um ponto
Maior um instante ( ainda)
Que o ponto final
E a morte abriu sua imensa boca
BANG ! BANG ! BANG ! BANG
ZING ZING ! ZING ! ZING
Aaaaaiiiii! Socoooooorrroo! Ooooohhhh!
BANG BANG ZING ZING
Saiu do Saloom
Desnecessário seria
perguntar-lhe pelas balas
Ou o porquê dessa tristeza
Depois delas
A verdade dos cadáveres
Valia-lhe um pouco mais
Quanto mais agora
Que o sol da tarde de ira
se punha no seu sorriso
E o que mais for dito
Foi por ele pressentido
Mas não chorou, contudo
Por seu destino tragicômico
De pistoleiro cruel
Morto por um
THE END
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